sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

LIVROS PSEUDO-EPÍGRAFOS

O termo pseudo quer dizer falso, e epígrafe significa escrito. Ou seja, escritos falsos.
Estes livros foram escritos em nome dos apóstolos ou personagens de destaque no início da Igreja. Apresentam os conteúdos mais absurdos e são facilmente identificados como espúrios.
Na Bíblia, temos apenas 4  Evangelhos que  passaram no Teste de Canonicidade das  Escrituras.  Mas  não  existiam  apenas  4  evangelhos,  muitos  outros foram escritos. Estes Evangelhos não foram aceitos pela igreja, por possuirem  informações contrárias as demais doutrinas ensinadas por Jesus.
Falando de livros de Atos, na Bíblia temos o livro de Atos dos Apóstolos, escrito por Lucas. Porém na mesma época em que ele foi escrito, muitos outros livros de Atos também foram elaborados por vários escritores.
Da mesma forma os apocalispses. Em nossas mãos temos apenas o Apocalipse de João (um dos discípulos de Jesus), mas também foram escritos muitos outros apocalipses, que era uma forma de literatura da época.
O número exato desses livros é difícil de apurar. Por volta do século XIX, Fótio havia relacionado cerca de  280  obras. A  partir  de  então  muitas outras apareceram.
A rejeição deste livros nos segurança de que o Canon Sagrado das Escrituras não  foi  feito  de  qualquer  jeito,  mas  que  os  testes  de  canonicidade  foram realizados de forma rigorosa pela igreja, para não dar autoridade a qualquer livro a que não lhe é devida.
Alguns destes livros apócrifos e pseudo-epígrafo contém material histórico que pode ser pesquisado, mas não autoridade divina como Palavra de Deus revelada e inspirada.
Relacionamos abaixo alguns dos pseudepígrafos mais importantes e das tradições a eles relacionadas:
  
EVANGELHOS
1.    O Evangelho de Tomé (século I) é uma visão gnóstica dos supostos milagres da infância de Jesus.
2.      O Evangelho dos ebionitas (século II) é uma tentativa gnóstico-cristã de perpetuar as práticas do Antigo Testamento.
3.   O Evangelho de Pedro (século II) é uma falsificação docética e gnóstica.
4.     O Proto-Evangelho de Tiago (século II) é uma narração que Maria faz do massacre dos meninos pelo rei Herodes.
5.   O Evangelho dos egípcios (século II) é um ensino ascético contra o casamento, contra a carne e contra o vinho.
6. O Evangelho arábico da infância (?) registra os milagres que Jesus teria praticado na infância, no Egito, e a visita dos magos de Zoroastro.
7.    O Evangelho de Nicodemos (séculos II ou V) contém os Atos de Pilatos e a Descida de Jesus.
8.       O Evangelho do carpinteiro José (século IV) é o escrito de uma seita monofisista que glorificava a José.
9.     A História do carpinteiro José (século V) é a versão monofisista da vida de José.
10.     O passamento de Maria (século IV) relata a assunção corporal de Maria e mostra os estágios progressivos da adoração de Maria.
11.     O Evangelho da natividade de Maria (século VI) promove a adoração de Maria e forma a base da Lenda de ouro, livro popular do século XIII sobre a vida dos santos.
12.   O Evangelho de um Pseudo-Mateus (século V) contém uma narrativa sobre a visita que Jesus fez ao Egito e sobre alguns dos milagres do final de sua infância.
13-21.Evangelho dos doze, de Barnabé, de Bartolomeu, dos hebreus (v. "Apócrifos"), de Marcião, de André, de Matias, de Pedro, de Filipe.

ATOS
1.    Os Atos de Pedro (século II) contêm a lenda segundo a qual Pedro teria sido crucificado de cabeça para baixo.
2.     Os Atos de João (século II) mostram a influência dos ensinos gnósticos e docéticos.
3.     Os Atos de André (?) são uma história gnóstica da prisão e da morte de André.
4.   Os Atos de Tome (?) apresentam a missão e o martírio de Tome na índia.
5.   Os Atos de Paulo apresentam um Paulo de pequena estatura, de nariz grande, de pernas arqueadas e calvo.
6-8. Atos de Matias, de Filipe, de Tadeu.

EPÍSTOLAS
1.   A Carta atribuída a nosso Senhor é um suposto registro da resposta dada por Jesus ao pedido de cura de alguém, apresentado pelo rei da Mesopotâmia. Diz o texto que o Senhor enviaria alguém depois de sua ressurreição.
2.       A Carta perdida aos coríntios (séculos II, III) é falsificação baseada em 1Coríntios 5.9, que se encontrou numa Bíblia armênia do século V.
3.    As (Seis) Cartas de Paulo a Sêneca (século IV) é falsificação que recomenda o cristianismo para os discípulos de Sêneca.
4.    A Carta de Paulo aos laodicenses é falsificação baseada em Colossenses 4.16 (Também relacionamos essa carta sob o título "Apócrifos", p. 120-1)

APOCALIPSES
1.   Apocalipse de Pedro (também relacionado em "Apócrifos").
2.   Apocalipse de Paulo.
3.   Apocalipse de Tome.
4.   Apocalipse de Estêvão.
5.   Segundo apocalipse de Tiago.
6.   Apocalipse de Messos.
7.Apocalipse de Dositeu.
Os três últimos são obras coptas do século III de cunho gnóstico, descobertas em 1946, em Nag-Hammadi, no Egito.*

OUTRAS OBRAS
1.   Livro secreto de João
2.   Tradições de Matias
3.   Diálogo do Salvador

Fonte:
Curso de Bibliologia do Instituto Teologar

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

A TRANSMISSÃO DO TEXTO BÍBLICO – RESENHA – WAGNER PEDRO


MASSORETAS
O que é manuscritologia? É o estudo do manuscrito (impressos, marcas, rasuras, reescritas).
O texto massorético é central para a cultura judaica do séc. IX e X A.C.
Na opinião de Emanuel Tov texto massorético não é o original, porém é o mais próximo.
É possível ver alterações no livro de Samuel feitas pelos copistas. Nome teofórico que reverencia uma divindade geralmente era alterado como Jerubaal para Jeruboshem [vergonha].
Massoretas: Definição
·         O vocábulo “massoreta” é derivado da palavra massará (hebraico. tradição).
·         Época: entre os séculos 7 e 12 EC.
·         Grupos: babilônico (séc. 7-9), palestina (séc. 8-9) e tiberiense (séc. 9-10).
·         Grupo tiberiense: Bem Asher e Bem Naftali (séc. 8-10)
Massoretas: Funções
·         A prática de copiar o texto consonantal
·         O desenvolvimento da vocalização
·         O desenvolvimento da acentuação
·         A elaboração das anotações marginais (a massora parva, a massora magna e o somatório).
Tiqqune Soferim: uma análise das correções dos escribas em textos da Bíblia hebraica.
Itturê Soferim: uma análise das omissões dos escribas em textos da Bíblia hebraica.
Trabalhos importantes:
·         Proto-massorético e massoretico
·         Pré-samaritano e samaritano
·         Septuaginta
·         Targumim
·         Peshitta
·         Vulgata

O texto massorético é um testemunho importante, junto com a septuaginta, vulgata, targum, peshitta, é praticamente base para todas as versões modernas do texto bíblico hebraico.
Cumpre informar que segundo a critica textual, Moisés não escreveu nada, supondo sua existência, vai remeter a um período do Séc. XIII A.C período este que não há registro histórico da escrita hebraica.
Vocalização: é o ato de dar som as palavras.
A leitura do texto hebraico consonantal era feita pela tradição de leitura (memorização das palavras). Toda a bíblia é parafraseada.
Todas as gramáticas de hebraico bíblico refletem o sistema desenvolvido pelos massoretas de Tiberíades.
O objetivo principal dos massoretas de Tiberíades era registrar, meticulosamente a pronúncia do hebraico de maneira mais fiel possível nos fonemas vocálicos e acentos de cantilação.
Criar um sistema linguístico consistente e detalhista da pronúncia e da recitação do texto da Bíblia Hebraica.
O sistema tiberiense é empregado em todas as edições da Bíblia Hebraica.
Sistema intralinear (os sinais vocálicos são colocados acima, ao lado e embaixo das letras consoantes) e os acentos de cantilação são alocados acima e embaixo das sílabas tônicas das palavras.
O método tiberiense de vocalização e de acentuação é o único hoje a ser adotado.
Acentuação definição: A acentuação gráfica consiste na aplicação de certos símbolos escritos sobre determinadas letras, para representar o que foi estipulado pelas regras de acentuação do idioma. De forma geral estes acentos são usados para ajudar a fala da pronúncia de palavras que fogem do padrão prosódico mais comum.
Assinalam sempre a sílaba tônica de cada palavra do versículo bíblico.
Assinalam divisões semânticas e estabelecem relações sintáticas. Os acentos assinalam as pausas e o encadeamento entre as cláusulas do versículo.
Assinalam a melodia (cantilação ou cantilinea) dos vocábulos do versículo. Os acentos possuem valores semelhantes a notas musicais.
Anotações marginais – massorá – definição: A massorá pode ser definida como um “mapeamento” meticuloso do texto da Bíblia Hebraica feito pelos massoretas.
Objetivos primordiais: a íntegra preservação e a exata transmissão da Bíblia Hebraica.
Os mínimos detalhes textuais foram percebidos e assinalados em tratados e nas anotações de manuscritos bíblicos hebraicos.
A massorá é um rudimentar instrumento de crítica textual e literária, além de ser uma forma antiga e peculiar de gramática.
A frequência de palavras e expressões tinha sido registrada, palavras e grafias incomuns já tinham sido percebidas, vocabulário distinto e grafias de determinados livros e seções do texto bíblico já tinham sido anotados.
Tudo com um propósito primário de preservar a tradição textual da Bíblia Hebraica.
Todo tipo de informação de ordem textual que foi levantado e registrado pelos massoretas é ainda útil e relevante para a moderna crítica bíblica.
“masora parva” é o conjunto principal de anotações massoréticas escrito entre as colunas e nas margens laterais do texto bíblico nos códices medievais da Bíblia Hebraica de tradição tiberiense.
A “masora magna” encontra-se escrita nas margens superior e inferior dos fólios dos códices medievais da Bíblia Hebraica de tradição tiberiense.
Somatório - Após o término de cada livro bíblico nos códices massoréticos e nas edições impressas são colocados somatórios massoréticos. Tais somatórios fornecem, geralmente, os seguintes assuntos: o total de versículos, o total de sedarim (seções de leitura), o total de parashiot (parágrafos), a soma de palavras e de letras e o versículo que assinala a metade exata do livro bíblico (o versículo central).
Vorlage definição: é uma versão anterior ou manifestação de um texto em consideração. Pode se referir a uma versão desse texto, a um manuscrito específico do texto ou a uma manifestação mais complexa do texto.
Manuscritos Massada
·         50 A.C - 30 D.C
·         Protomassorético
·         OBS: ENCONTRADO O LIVRO DE ECLESIÁSTICO

Wadi Murabba’at
·         20 A.C – 115 D.C

Nahal Hever

·         20 A.C – 115 D.C

Massoretas: diferenças entre Bem Asher e Bem Naftali
·         Cerca de 867 diferenças na vocalização e na acentuação.

ROLOS DE QUMRAM
Os rolos do mar morto são escritos judaicos descobertos entre 1947 á 1956. Os pesquisadores adotam o nome de “rolos do deserto da Judéia”.
Aproximadamente 600 restos de manuscritos escritos em couro animal ou algo animal. Principalmente nas cavernas 1,4 e 11.
100 desses rolos escritos em aramaico e 20 desses rolos escritos em grego.
Da época de 250 A.C. á 68 D.C – 212 manuscritos encontrados.
Os rolos encontrados ao sul de Qumram em Nahal Hever não são documentos canônicos.
Cumpre informar que, também foram encontrados documentos na montanha de Massada.
1/3 do que foi encontrado provavelmente foi escrito em Qumram e 2/3 provavelmente foi trazido de outros lugares.
90% dos pesquisadores acredita que pertencia a comunidade dos essênios.
Não foi encontrado o livro de Ester, porém foi encontrado o livro de Jubileus e de Enoque.
Existe uma minoria de pesquisadores que acredita que o fragmento em grego pertencia aos livros de Marcos, Atos, Romanos e Tiago provavelmente da septuaginta.
Nos textos em grego não aparece à palavra kyrios para designar Deus, mas sempre aparecia em meio aos fragmentos em grego o tetragrama.
Rolos de Qumram são diferentes dos massoréticos. Porém segundo Emanoel Tov 35% dos manuscritos de Qumram refletem um texto muito próximo do tipo massorético.

SEPTUAGINTA
Septuaginta é o nome da versão da Bíblia hebraica traduzida em etapas para o grego koiné, entre o século III A.C. e o século I a.C., em Alexandria. Dentre outras tantas, é a mais antiga tradução da bíblia hebraica para o grego, língua franca do Mediterrâneo oriental pelo tempo de Alexandre, o Grande.
A bíblia cristã é baseado 100% na septuaginta. Embora seja uma tradução do séc. II e III ela traz uma tradição mais antiga do que se pode observar nos manuscritos de Qumram. A septuaginta foi traduzida de manuscritos hebraicos, porém nenhum autografo foi preservado.
70 ou 72 rabinos traduziram para o grego. Para alguns pesquisadores o evangelho de Mateus foi escrito em aramaico ou hebraico, mas também com citações me grego.
Existe uma lenda que diz que os 70 foram divididos em duplas, e ao final dos trabalhos de cada dupla, todos haviam produzido a mesma tradução. [A Carta de Aristeias, ou Carta a Filócrates é uma obra helenística do século II A.C., incluída entre os livros apócrifos, e trata da elaboração da Septuaginta, tradução em grego dos livros da Bíblia hebraica.].
Recomendação: New English Translation of the Septuagint - Traduzido do inglês-A nova tradução em inglês da Septuaginta e as outras traduções para o grego tradicionalmente incluídas nesse título são uma tradução moderna das escrituras usadas pelos cristãos e judeus de língua grega da antiguidade. A tradução foi patrocinada pela Organização Internacional para Estudos da Septuaginta e Cognato.
Revisores da Septuaginta:
·         Áquila de Sinope foi um nativo da cidade de Sinope, na província romana do Ponto, conhecido por ter produzido pela tradução literal que ele fez da Bíblia hebraica para o grego por volta de 130 D.C. Ele era um prosélito judeu.
·         Teodócio († c. 200 D.C.) foi um acadêmico greco-judeu que, provavelmente vivendo em Éfeso por volta de 150 d.C., traduziu a Bíblia hebraica para o grego antigo.
·         Símaco (em latim: Symmachus), dito Ebionita, fl. século II, foi o autor de uma das versões gregas do Antigo Testamento.

Diferenças entre as Bíblias hebraicas, protestantes e católicas.

Diferenças Básicas:
1.  Bíblia Hebraica - [a Bíblia dos judeus]
a)  Contêm somente os 39 livros do Antigo Testamento.
b)  Rejeitam os 27 livros do Novo Testamento como inspirado por Deus, assim como rejeitou Cristo.
c)   Não aceita os livros apócrifos incluídos na Vulgata (versão Católica Romana)

2.  Bíblia Protestante
a)  Aceita os 39 livros do Antigo Testamento e também os 27 do Novo Testamento.
b)   Rejeita os livros apócrifos incluídos na Vulgata, como não canônicos.

3.  Bíblia Católica
a)  Contêm os 39 livros do Antigo Testamento e os 27 do Novo Testamento.
b)   Incluem na versão Vulgata, os livros apócrifos ou não canônicos- cos que são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, 1º e 2º de Macabeus, seis capítulos e dez versículos acrescentados no livro de Ester e dois capítulos de Daniel.

A ordem dos livros na Bíblia Hebraica é diferente da septuaginta. Na Bíblia Hebraica o livro de Daniel deveria estar com os profetas e o de Crônicas deveria estar com os históricos.

Cânon judaico passou pelo crivo dos rabinos e o cânon grego passou pelo crivo dos cristãos pertencente à comunidade da palestina.

No ano 70 D.C. o templo foi destruído com isso a comunidade judaica estava desmotivada. Desta forma, houve a reunião em Jâmnia para estabeler o cânon judaico, porém as decisões muito provavelmente já tivessem sido tomadas bem antes do encontro.

Cânon grego utilizou textos hebraicos, mas também textos em grego. Os reformadores muito provavelmente rejeitaram a septuaginta para poder retornar as fontes em meados do séc. XVI.

Segundo Emanuel Tov a palavra hanuka no contexto de Festa não aparece na Bíblia Hebraica. Os judeus encontraram a palavra Hanuka na septuaginta. Não obstante a isso a palavra em si aparece mas com outra conotação.

A septuaginta era propriedade dos judeus, mas com a utilização dela pelos cristãos, os judeus a descartaram. Inclusive o Talmud estabelece um dia de lamentação pela criação da septuaginta.

O Talmud diz que todos aqueles que leem os livros apócrifos, não tem parte na vida eterna.

Códices importantes:
·         Papiro do Egito II A.C
·         Vaticano – séc. IV
·         Sinaitico - séc. IV
·         Alexandrino - séc. IV
A Vulgata é a forma latina abreviada de vulgata editio ou vulgata versio ou vulgata lectio, respectivamente "edição, tradução ou leitura de divulgação popular" - a versão mais difundida de um texto. Obra de São Jerônimo séc. VIII – séc. IX.

RESUMO DA SÉRIE: COMO SE TORNAR UM LÍDER DE SEITA – POR WAGNER PEDRO

INTRODUÇÃO: A série "Como se Tornar um Líder de Seita" explora a trajetória de diversos líderes carismáticos que fundaram seitas ...