quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A Igreja do Véu – Por Pr. Natanael Rinaldi


Acabei de ler o livro “A IGREJA DO VÉU – Igreja ou Heresia?”. Este livro foi escrito pelo Pr. José Amaral, hoje Pr. da Igreja Evangélica Assembléia de Deus no Brasil. Naturalmente o escritor, quando usa o título Igreja do Véu, está ele se referindo à Congregação Cristã no Brasil (CCB).

QUEM É JOSÉ MARQUES DO AMARAL

José Amaral nasceu em Buri, São Paulo, em 21 de setembro de 1927, num lar presbiteriano, quando, no ano de 1933, seus pais passaram para a Congregação Cristã no Brasil. Tinha ele apenas seis anos de idade, permanecendo como membro dela durante 60 anos. Em 1994 deixou a CCB e passou para a Assembléia de Deus de Goiânia, no bairro de Campinas daquela cidade situada, no Estado de Goiás. Declara ele que durante os 60 anos na CCB teve o tempo suficiente para conhecê-la bastante esclarecendo que o livro A Igreja do Véu é uma revelação do que viu lá.

UMA PEQUENA EXPERIÊNCIA

Uma senhora crente, membro de uma igreja evangélica, foi visitada por uma senhora membro da CCB. Chegando à casa dessa irmã foi logo dizendo:

“O Senhor me mandou fazer-lhe uma visita para orarmos juntas.” Essa crente, muito ingênua, admitiu a entrada da visitante que foi logo abrindo sua bolsa e tirou de lá o véu para orar. Dobraram os joelhos e logo vieram as profecias:

“Minha serva! O Senhor está dizendo que a igreja da qual você é membro não é a igreja verdadeira. Saia dessa igreja e vá para a Congregação.”

Perguntamos: como você encararia uma situação dessas? A visitante da CCB estava usando o nome do Senhor o que se entende como não sendo ela mesma que estava falando. No caso em tela, a irmã evangélica não teve dúvidas e daquele dia para frente passou para a CCB, aceitando, como só acontecer, o batismo nas águas mesmo sendo ela já batizada por imersão na fórmula trinitária.

UNIDADE DENOMINACIONAL

Um argumento quase irrespondível era sempre empregado pelos membros da CCB com respeito à sua denominação: sua unidade denominacional. Uma única CCB em todo o Brasil, com sede em São Paulo, no bairro do Braz.
Entretanto, relata o livro A IGREJA DO VÉU, na página 18, um tal de ancião José Valério, que dirigia uma CCB em Boa Vista, Roraima que se afastou da CCB criando uma nova denominação com título parecido com a CCB. Uma circular foi dirigida a todas CCBs do Brasil:

“…tendo José Valério se desviado da Congregação Crista no Brasil… tentando fazer adeptos para a nova seita que ele fundou, procurando aliar-se com outros que também se desviaram da fé.”
Declara mais o escritor do livro A Igreja do Véu que “a Congregação Cristã no Brasil já passou por 3 rachas. A primeira em 1949, a segunda em 1961 e a última em 1990.” (p.31)

O SISTEMA DE CULTOS

Relata o livro em tela sobre o sistema de cultos na CCB:

“Não é permitido de maneira alguma que pessoas com conhecimento cultural elevado, teólogos, etc. subam ao púlpito. Os anciões alegam que sobre estes o Espírito Santo não tem espaço para se manifestar, e que Deus não opera na sabedoria, e sim na simplicidade.” …

“Se conduzem por auto-sugestão e por puro fanatismo.” … “O maior pecado que os anciões cometem é pegar textos (versículos) isoladamente e aplicá-los isoladamente e aplicá-los sem o conhecimento devido.” … “Outra curiosidade é que sempre afirmam: ‘ Foi o Senhor que fez!’ fazendo alusão a tudo.” ( p. 22)

Como pode alguém usar um argumento tão fútil segundo o qual uma pessoa conhecedora da Bíblia não possa ser usada pelo Espírito Santo, na suposição de que, conhecer a Bíblia com mais profundidade impossibilita a pessoa de ser usada pelo Espírito Santo? E por que assim dizemos? Simplesmente porque o Espírito Santo é o autor da Bíblia.

“Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” (2 Pedro 1.21)

E com que persistência Paulo recomendava ao seu filho na fé – Timóteo – que se esforçasse mais no estudo da Bíblia. Disse ele:

“E desde a tua meninice sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (2 Timóteo 3.15-17)

Certa vez num consultório médico aguardava na sala de espera a vez de ser chamado, estando sentado ao lado de um senhor idoso. Puxei conversa com ele, admitindo que fosse pessoa descrente. Comecei a fazer perguntas de caráter religioso procurando uma brecha para falar de Jesus Cristo e também para saber qual a sua posição religiosa. Procurava oportunidade de ouvir sua resposta e lhe falar dentro da sua necessidade espiritual (Hebreus 4.12-13).

Identificou-se ele como membro da CCB por quarenta anos e foi logo dizendo para cortar a conversa, “só leio o livro de Salmos”. Quarenta anos de membro da CCB e só lia um livro dos 66 livros da Bíblia. Por que um crente assim procede? Simplesmente porque é orientado a crer que ‘a letra mata’ (2 Coríntios 3.6) interpretando-se como tal, a leitura da Bíblia. Ora, se uma pessoa não conhece a Bíblia pode ser facilmente enganada, como disse Jesus aos saduceus, “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.” (Mateus 22.29).

Apelam freqüentemente para apoio da sua forma de pensar para Mateus 10.19-10, que declara, “Mas quando vos entregarem não vos dê cuidado como, ou o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso é que fala em vós.”

Naturalmente não ensina o que não se deve estudar a Bíblia sob a perspectiva de que o Espírito Santo porá as palavras oportunas na boca. A passagem é bem clara para definir o momento quando não se deve buscar apoio na cultura bíblica. O texto expressa,

“E sereis conduzidos à presença dos governadores, e dos reis… (v.18) Nessas ocasiões de perseguições por causa do nome de Jesus é que o Espírito Santo agirá ponto palavras próprias na boca dos servos de Jesus. É o caso de Pedro e João perante as autoridades judaicas, quando foram proibidas de falar do nome de Jesus.

“Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus.”(Atos 4.19)

Entretanto, na falta de discernimento bíblico, recorrem os membros da CCB ao meio ilícito de tornar o ancião um vidente. Lemos no citado livro A Igreja do Véu que, “Todas as doutrinas saem unicamente da cabeça do ancião mais velho.” … Eles dizem também, que devem se ater apenas aos 4 evangelhos, pois neles estão as palavras ditas por Jesus.” (p. 28)

É como Jesus disse, “Mas em vão me adoram, ensinado doutrinas que são preceitos de homens.” (Mateus 15.9)

INSPIRAÇÃO OU ADIVINHAÇÃO?

Continua o escritor do livro em tela, declarando à página 23: “Por ser defendida a tese de que somente o ancião recebe as ‘direções’ do Espírito Santo, os fiéis, antes de realizarem quaisquer negócios, sejam viagens, compras, mudanças, devem ir à igreja buscar do ancião a ‘direção’ a fim de terem uma confirmação para que se concretize o negócio. Com essa doutrina de manipulação, os membros perdem o direito de pensar e agir, sendo isso extremamente perigoso e anti-bíblico. Abandonam a Palavra de Deus, e passam a depender de falsas inspirações, assim os anciões se tornam videntes, ditando o caminho para que seus fiéis devem seguir. Em geral, os pregadores falham nas interpretações dos textos, exatamente por não terem profundidade bíblica.” (o negrito é nosso)

Ora, tornando-se o ancião um tipo de ‘vidente’, que é consultado para qualquer iniciativa nas hipóteses apontadas, torna essa pessoa despojada da sua condição de relacionamento com Deus, ignorando o privilégio da Nova Aliança firmada por Cristo. E o escritor do livro de Hebreus se reporta a essa situação, diferente da Antiga Aliança, quando o sacerdote exercia a função de porta voz de Deus para os homens e dos homens para com Deus. Somente o sacerdote podia entrar no lugar santo diariamente, no primeiro compartimento do santuário e o sumo sacerdote, uma vez no ano, no santo dos santos, para representar o povo diante de Deus. “Mas, no segundo, só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo. Dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário não estava descoberto enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo. (Hebreus 9.7-8). Entretanto, lemos que tal situação foi modificada. A Antiga Aliança foi substituída pela Nova.

“Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar.” (Hebreus 8.13).

Hoje, então, o ancião não pode ser colocado como mediador entre Deus e os membros da CCB. Cada cristão de per si pode entrar diretamente à presença de Deus e ser por ele dirigido.

“Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa. Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.” (Hebreus 10.19-23).

VOU BUSCAR A PALAVRA

Essa é uma expressão freqüente nos lábios dos membros dessa Igreja. Se tivermos um amigo, parente ou conhecido membro dessa Igreja e perguntarmos, quando ele está se dirigindo ao templo, com uma Bíblia na mão: “Onde você vai?” A resposta quase decorada por todos é: “Vou buscar a Palavra.” Então surge a pergunta feita por nós: quê Palavra? É a palavra do ancião que vai dar resposta à sua ansiedade no que concerne a certos problemas do dia a dia: viagem, casamento, doença, trabalho que afligem as pessoas e elas entendem então que sua resposta estará na palavra do ancião vidente.

Não seria o caso de perguntar: mas a Bíblia não está em suas mãos? Por que não a ler? É o que lemos: “Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé que pregamos” (Romanos 10.8).
Diz ainda o texto bíblico: “Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.” (Salmos 119.105).

BATISMO REGENERACIONAL

Cita o livro em tela,
“Na Congregação Cristã do Brasil é ensinado aos seus adeptos que a salvação é um direito exclusivo de seus seguidores. Para alguém ser salvo deve se converter aos dogmas da igreja e ser batizado ou rebatizado. Isso vale para todos aqueles que vieram de outras igrejas evangélicas para a Congregação, pois, eles não aceitam o batismo de outras igrejas evangélicas, mesmo por imersão, considerando essas igrejas como falsas doutrinas.” (página 26) (o negrito é nosso)

Continua o escritor: “A Igreja do Véu acredita que Deus já tem a lista daqueles que serão salvos, ou seja, que foram predestinados. Se a pessoa tem que ser salva, mais cedo ou mais tarde ela estará na Congregação Cristã, esse é mais um dos motivos de não evangelizarem.” (p. 29)

O Manual de Procedimentos (ou Pontos de Doutrina e Fé), mencionado, na página 7, estabelece o seguinte: “Este Sacramento se exerce por imersão… “EM NOME DE JESUS CRISTO”… e de acordo ao Santo Mandamento: “EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO.

Enganam-se os que pensam que a salvação pode ser adquirida por rituais. Longe de ser verdade afirmar que “o batismo faz o cristão”, na verdade, a salvação se adquire pela fé em Jesus Cristo.

“Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo.” (Tito 3.5)

A palavra ‘sacramento’ é empregada na Igreja Católica com o sentido de um sinal exterior que outorga uma graça interior e com isso, entendem que o batismo salva. Atribui-se um valor usado dentro de uma expressão latina, ‘ex opere operato’ ou seja, um ato de magia infalível.

“Nascer da água” de João 3.5 ou “nascer de novo” (João 3.7) não se dá pelo batismo nas águas, mas pela atuação do Espírito Santo através da Palavra de Deus. O Espírito Santo realiza sua obra junto ao coração descrente, convencendo-o do pecado por não crer em Jesus (João 16.7-9). E isso se dá pela pregação da Palavra (Romanos 10.17) e então ocorre o milagre do novo nascimento, “Sendo de novo gerados, não da semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.” (1 Pedro 1.23)

“Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas.” (Tiago 1.18)
“…como Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela (a Igreja) para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra. (Efésios 5.25-26)

Falsa doutrina é, pois, batizar alguém que não assumiu qualquer compromisso com o Senhor, que não tem a certeza do novo nascimento e que vai às águas do batismo esperar ser salvos. Somos salvos pela fé e não por praticar o ritualismo do batismo. O batismo é para os salvos (Efésios 2.8-9) e não para sermos salvos.
A fórmula batismal foi ensinada por Jesus em Mateus 28.19 e não deve ser usada com Atos 2.38, empregando-se então “em nome de Jesus Cristo e Em nome do Pai e do Filho e do Espírito. Atos 2.38 não encerra fórmula batismal. Declara sim que Pedro ao recomendar o batismo o fazia pela autoridade de Jesus dada em Mateus 28.19. É ilógico repetir em ‘nome de Jesus Cristo’ e em ‘nome do Filho’, pois se trata da mesma pessoa.

O USO DO VÉU

“A verdade é que o uso do véu na Congregação Cristã do Brasil serve mais para trazer disputa entre as mulheres que ali congregam, pois usam o véu simplesmente como um adereço e enfeite.” …

“Elas não tem na maioria das vezes o menor conhecimento da doutrina do véu ou nunca leram o texto.” (página 41)

No Manual de Procedimentos (ou Pontos de Doutrinas e Fé), p. 16, “Sempre que a mulher orar ou profetizar deve estar com a cabeça coberta.”

Perguntamos: por que usar o véu apenas nos momentos de oração nos cultos ou em casas e não em público como fazem as mulheres judias ou muçulmanas? Por outro lado, cobrir a cabeça não significa cobrir apenas o cabelo, mas todo o rosto da mulher, a tal ponto que ela se torna irreconhecível quando estava portando o véu.

Exemplo esclarecer se encontra em Gênesis 38.14-19. Tamar, a nora de Judá, enganou-o quando tirou os vestidos de viuvez e se cobriu com véu para enganá-lo porque lhe havia negado a Selá, o seu cunhado, em casamento, para gerar família para o irmão falecido.

“Então ela tirou de sobre si os vestidos da sua viuvez e cobriu-se com véu… E vendo-a Judá, teve-a por um prostituta, porque ela tinha coberto o seu rosto.” Judá não reconheceu sua nora porque estava coberta com véu. Disso se depreende que o rosto estava encoberto pelo véu. É dessa forma que as mulheres que usam o véu se portam na CCB? Cobre o véu apenas os cabelos e não o rosto? Na verdade, cumpre-se o que Paulo falou sobre pessoas obscurecidas por costumes,

“ Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará.”(2 Coríntios 3.16) Concluindo seu ensino sobre o uso do véu declara Paulo em 1 Coríntios 11.15,

“Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar do véu.” Se há o véu natural, os cabelos da mulher, por que usar um véu artificial?

O PASTOR E O SALÁRIO PASTORAL

O assunto principal que os membros da CCB gostam de abordar quando conversam com crentes de igrejas evangélicas: não só condenar o cargo pastoral como também o salário pastoral. Chamam os pastores de impostores e que o dízimos recolhido nas igrejas se destinam ao sustento do pastor que tem vida cercada de conforto, vivendo às custas de pessoas pobres das igrejas.

Diz o autor do livro ora comentado: “Essa seita acusa as igrejas evangélicas, dizendo que seus pastores são na verdade lobos exploradores do povo.” (página 62)

É incrível como ignoram a Bíblia. Esta recomenda não só o exercício pastoral como também o dever dos cristãos cuidar financeiramente desses líderes.

“Lembrai-vos dos vossos pastores que voa falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver.”

“Obedecei a vossos pastores, e sujeita-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para queo o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.” (Hebreus 13.7,17)

Naturalmente existem duas classes de pastores: o bom pastor (Jeremias 3.15) e o mau pastor (Ezequiel 34.1-10) Tachar todos iguais é um contra-senso!

SUSTENTO PASTORAL

Por outro lado, a Bíblia determina o sustento pastoral. “Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário.” (2 Coríntios 11.8)

“Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário.”(1 Timóteo 5.18)

Agora, qual a ocupação de um ancião da CCB? Informa o escritor do livro em tela, “Vão às Igrejas em horários de cultos, que duram uma hora e meia, sempre à noite e no máximo 4 dias por semana ou l6 dias por mês, então, não corresponde a um trabalho normal. Se contarmos o mês, os serviços que prestam à igreja não somam 24 horas, ou seja, não eqüivale nem mesmo a um dia sequer de serviço por mês para a igreja. Realmente seria um pecado receber por tal atividade.” … “Nas outras igrejas, os pastores dispõem de tempo integral aos seus fiéis, na maioria das vezes trabalham até fora de hora à disposição dos compromissos do rebanho.”(página 85)

O USO IMODERADODA BEBIDA ALCOÓLICA

“A Congregação Cristã no Brasil não tem restrição quanto ao uso do álcool. O uso de produtos é liberado aos seus fiéis, que podem até mesmo viver da venda de produtos alcoólicos.
A maioria dos anciãos não só toma bebidas alcoólicas, como também chega a ter domésticos, geladeiras e frizzers cheias de bebidas alcoólicas para si é claro, para os amigos que os visitam. Eles usam todas as espécies de bebidas, não faltando o próprio wisk. Eu sou testemunha ocular desse mau procedimento, pois estive por lá muitos anos.” (página 100)

“Nos eventos como casamentos, aniversários, festa de final de ano, o álcool é o principal produto, sendo distribuído à vontade… o que é lamentável. Muita gente si dessas festas embriagada. Será que existe vício mais maldito que o uso do álcool? (p. 100)

O escritor do livro de Provérbios declara que a bebida alcoólica é geralmente usada por pessoas que vivem com problemas emocionais que lhes parecem insolúveis. Diz ele: “Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes o desejar bebida forte. Para que bebendo, se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos. Daí bebida forte ao que está prestes a perecer, e o vinho aos amargurados de espírito. Que beba, e esqueça da sua pobreza, e da sua miséria não se lembre mais. (31.4-7).

Que situação embaraçosa para um povo que diz servir a Cristo recorrer a bebida alcoólica por ter problemas emocionais tão fortes que procura esquecer deles por um meio tão inapropriado.

Jesus disse, “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mateus 11.28)

E para a pessoa que já encontrou descanso em Jesus, tem por propósito maior encher-se do Espírito Santo para ter uma vida feliz. Paulo aconselha,

“E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito.” (Efésios 5.18)

Duas recomendações de Paulo: uma negativa, ‘não vos embriagueis com vinho’; outra positiva, ‘enchei-vos do Espírito Santo’. Por qual das duas formas de se portar deve optar o cristão? Certamente que deve optar por ser ‘cheio do Espírito Santo’. Ao contrário disso, lemos dos efeitos do álcool na vida de uma pessoa,

“Mas também estes erram por causa do vinho, e com a bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e o profeta erram por causa da bebida forte; são absorvidos pelo vinho, desencaminham-se por causa da bebida forte; andam errados na visão e tropeçam no juízo.” (Isaías 28.7)

CONCLUSÃO

O último livro da Bíblia, o Apocalipse, faz uma advertência muito séria contra ensinos que vão além ou aquém da própria Bíblia: “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro.” (22.18-19)




 

domingo, 27 de outubro de 2013

OS USOS E COSTUMES NAS DIVERSAS CULTURAS – POR RICARDO GONDIM


Calças compridas à luz de Deuteronômio 22:5

Há igrejas que proíbem, terminantemente, às mulheres o uso de calças compridas.

Utilizam, como argumento para validarem essa proibição, o texto de Deuteronômio

22:5. Leiamo-lo:

A mulher não usará roupa de homem, nem homem veste peculiar à mulher;

porque qualquer que faz tais cousas é abominável ao Senhor teu Deus.

É extremamente difícil estabelecer, primeiramente, quais eram as diferenças entre

as vestes masculinas e femininas nos dias de Moisés. As palavras hebraicas originais

usadas para denotar casaco, capa, cinto, são empregadas indistintamente tanto para

designar vestes masculinas como femininas. Diferenciava-se o gênero de uma

vestimenta com parâmetros diferentes dos nossos. Muitas vezes as roupas de um

homem e de uma mulher eram exatamente iguais. Distinguia-se uma da outra,

unicamente, pela finura do tecido usado para confeccionar as roupas das mulheres. 1

Daí partimos para o nosso primeiro argumento: O que uma sociedade estabelece

como indumentária masculina e feminina não vale necessariamente para outra região

geográfica. As roupas das mulheres da Palestina podem não transparecer feminilidade

noutro país; em nossa cultura, por exemplo, iriam ser consideradas muito pouco

femininas. Um homem que usasse, aqui no Brasil, aquilo que os beduínos consideram

ser roupa masculina, certamente seria alvo de risos e provocações. Por outro lado,

alguém vestido de bombachas gaúchas nas ruas de Nazaré, também seria o centro de

todos os olhares da cidade.

Não compete ao Espírito Santo designar quais roupas são masculinas ou

femininas; isso é convenção cultural, portanto humana. O índio do Amazonas ostenta

sua masculinidade com um certo tipo de cor pintado nas maçãs do rosto. Na Escócia,

saias de lã, traspassadas e seguras por um grande alfinete são traje de guerreiro.

Em segundo lugar, deve-se observar que as roupas e tradições também variam de

geração para geração. Aquilo que se determinava como roupa masculina duzentos ou

trezentos anos atrás, pode ser hoje um traje muito afeminado, como é o caso das

calças justas usadas por navegadores, ou dos brincos que os piratas (os quais eram

tudo, menos afeminados) ostentavam nas orelhas.

O que era considerado vestimenta masculina algum tempo atrás é permitido

hodiernamente às mulheres, sem que com isso elas estejam masculinizando-se. O

caso mais típico dessa argumentação vem das calças compridas.

63

É verdade que as calças compridas eram roupas de homem ainda no começo

deste século. Como as mulheres passaram a trabalhar fora de casa e necessitavam

de roupas fortes que protegessem suas pernas do frio e dos acidentes de trabalho, o

uso acabou sendo inevitável. Inicialmente, causava inquietação e gerava muita tensão;

porém, como o costume não ad-vinha de uma tentativa de masculinização, mas sim da

carência de proteção, logo pôde contar com o consentimento da sociedade. Veja que

uma necessidade social e não moral provocou essa mudança no comportamento das

pessoas. Hoje as calças compridas já nem são mais roupas masculinas, e sim neutras

em seu gênero ou epicenas, isto é, podem ser usadas tanto por homens como por

mulheres.

Há outras vestimentas que também são neutras e não trazem qualquer

inquietação, como por exemplo: as sandálias, dessas de borracha que usamos entre

os dedos; as camisetas de malha, utilizadas tanto por homens quanto por mulheres

cotidianamente; certos tipos de casaco, usados para nos proteger mos do frio; e até

mesmo alguns modelos de armação para óculos de grau. Hoje, o que designa uma

calça masculina ou feminina pode ser a cor (no Brasil uma calça de cor rosa é sempre

para mulher) ou o zíper (convencionou-se que uma calça com fecho traseiro ou lateral

é sempre para mulher).

Sendo assim, quando Deus ordena que a mulher não se vista com roupas de

homem, ele não está escolhendo certo tipo de roupa, mas apenas rechaçando o

travestismo. O ideal de Deus é que os homens queiram ser homens e as mulheres

desejem ser mulheres. A mensagem de Deuteronômio 22:5 trata de princípios, e não

de uma lei sobre moda.

 

Os cabelos compridos de acordo com 1 Coríntios 11

Os versículos escritos por Paulo à igreja de Corinto, tratando sobre os cabelos de

homens e mulheres, são largamente citados por algumas igrejas para consubstanciar

a doutrina que proíbe as mulheres de sequer aparar as pontas dos cabelos. A postura

de Paulo é tão enfática, tão clara e tão universal, que ele invoca a natureza (v. 14)

como testemunha de sua argumentação. O regulamento interno de certas igrejas

traduz claramente o que pensam a maioria de seus membros sobre esse assunto:

É proibido as irmãs cortarem o cabelo, mesmo aparar as pontas, usarem

perucas, bobes, pintarem o cabelo ou esticarem (sic), usarem penteados

vaidosos que chamem a atenção.

Punição:

1a vez - Seis meses de suspensão.

2a vez - Um ano de suspensão

3a vez - Exclusão.

O ministério não concorda baseado na Bíblia em Sl 4:2,

1 Co 11:14-16; Ef 4:17; Tt 2:12; 1 Pe 3:3-5.

Em primeiro lugar, compreendamos o contexto da cidade de Corinto e o porquê

das duas cartas de Paulo.

Corinto localizava-se no istmo entre o mar Egeu e Adriático. Assim,

estrategicamente estabelecida, tornou-se um porto rico e muito famoso. Como a

maioria das viagens daqueles dias eram por via marítima, Corinto foi uma autêntica

metrópole, abrigando gente de todas as culturas antigas. Muitos romanos gostavam de

descansar em Corinto após suas longas viagens em alto-mar, porque a cidade

fornecia mais divertimento e opções culturais que outros portos menos importantes. Lá

ficava o único anfiteatro (uma construção romana) da Grécia com capacidade para

mais de 20.000 espectadores. O grande orgulho de Corinto era o seu templo de

Afrodite. Sendo essa deusa identificada com a lascívia e com a prostituição cultuai,

seu templo abrigava mais de 1.000 prostitutas. Com essa fama de agregar tantas

prostitutas, a cidade tornou-se símbolo de decadência moral. O termo grego

korintianozomai (lit, agir como um coríntio) significava promiscuidade.

Paulo não evitou Corinto ao planejar sua segunda viagem missionária. Por volta

do ano 50, mudou-se para a cidade e foi morar na casa de Priscila e Áquila. Depois

que pregou insistentemente numa sinagoga sobre Jesus, sua crucificação e ressurreição,

viu-se obrigado a mudar-se para a casa de Tício Justo. Paulo morou na cidade

18 meses e, mesmo debaixo de grande perseguição, conseguiu deixar uma igreja

implantada.

Depois que partiu, Paulo escreveu uma carta, hoje perdida (5:9). Talvez em

resposta a essa carta, os crentes lhe redigiram algumas perguntas inquietantes. A

consternação de Paulo sobre os problemas de divisão (1:11), a imoralidade entre os

irmãos (caps. 5 e 6:9-20) e as perguntas concernentes a casamento, alimentos,

adoração e ressurreição, provocaram a composição de 1 Coríntios.

A cultura de Corinto não era judaica, mas grega e fortemente influenciada pelos

viajantes romanos que lá passavam.

As mulheres gregas vestiam-se de modo completamente diferente das judias. Os

homens portavam-se com costumes radicalmente opostos aos dos hebreus. Os judeus

jamais comeriam uma comida vendida em mercado, principalmente sacrificada a

65

ídolos; entretanto os gentios de Corinto não se sentiam compelidos a comprar carne

de melhor qualidade, visto não se importarem com a sua procedência. Um judeu de

modo algum permitiria que as mulheres falassem nas suas sinagogas, mas na cultura

helênica, contanto que cubrissem a cabeça, as mulheres recebiam permissão para

orar, pregar (profetizar) e exercer alguns ministérios.

Quanto às roupas, os costumes dos Coríntios também se diferenciavam dos

costumes dos judeus. Antigamente, uma das principais características da cultura

hebréia que se chocava com os costumes das mulheres de Corinto era o uso do véu.

Uma mulher judia sem véu era tida como prostituta. Entre as mulheres de Israel, só

não faziam uso do véu aquelas que se encontrassem em período de luto ou as que

fossem esposas infiéis. Destas últimas, o véu lhes era tirado e o cabelo lhes era

rapado, a fim de que exibissem o seu opróbrio. O homem judeu também se cobria

para orar, principalmente em tempos de luto:

Mas Davi, subindo pela encosta do monte das Oliveiras, ia chorando; tinha a

cabeça coberta, e caminhava com os pés descalços. Também todo o povo

que ia com ele tinha a cabeça coberta, e subia chorando sem cessar. (2 Sm

15:30)

Por não ter havido chuva sobre a terra esta se acha deprimida, e por isto os

lavradores, decepcionados, cobrem a cabeça. (Jr 14:4).

Naqueles dias os homens jamais cobriam a cabeça para orar a Deus; somente as

mulheres assim o faziam. Séculos depois, esse costume judaico mudou. Quando um

homem entrava na sinagoga recebia o talith, um xale de quatro pontas para ser posto

sobre sua cabeça. Os romanos, antes mesmo do aparecimento do talith judaico, já

costumavam entrar em seus templos com a cabeça coberta. Os gregos, todavia,

tradicionalmente oravam e adoravam com a cabeça descoberta. Traduzindo essa

concepção grega, Paulo argumenta que o homem deve orar assim porque ele é a

imagem de Deus na terra, e essa imagem não pode ser encapuzada.

Insistimos em que tudo isso era cultural, nada tinha a ver com princípios morais

eternos. Senão vejamos:

1. O véu é um costume antigo que não diz respeito à cultura ocidental.

A decência das mulheres da antigüidade estava no véu. Quando Rebeca se

encontrou com Isaque pela primeira vez, sua reação de pudor foi cobrir-se com um

véu:

66

E perguntou ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso

encontro? É meu senhor, respondeu. Então tomou ela o véu e se cobriu. (Gn

24:65)

Hoje, com exceção dos países muçulmanos, as mulheres não precisam mais de

véu para mostrar recato. Alguns traços dessa cultura permanecem no uso dos véus

em raríssimas celebrações fúnebres e, com mais freqüência, nas cerimônias de

casamento.

2. Gradualmente os costumes foram mudando, e os cabelos longos das

mulheres passaram a desempenhar a mesma função do véu.

Ao afirmar que "toda mulher, porém, que ora, ou profetiza, com a cabeça sem véu,

desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada"(l Co 11:5), Paulo

confere ao uso de cabelos compridos a mesma relevância que acompanhava a

utilização do véu. Recorrendo à analogia, o apóstolo tenta mostrar que uma mulher

sem véu simbolizava, na igreja, o mesmo que uma mulher com a cabeça rapada simbolizava

na sociedade grega (e até mesmo na judaica, pois as esposas infiéis tinham a

cabeça rapada). Ao que parece, Paulo apenas deseja manter o costume judaico da

utilização do véu numa cultura que já o substituíra pelo uso de cabelos longos. Ele

sugere que, por uma questão de coerência, aqueles que quisessem manter a tradição

do uso do véu hebraico deveriam também preservar o uso dos cabelos compridos

presente na cultura helênica. Isto porque, da mesma forma que uma mulher sem véu

era considerada prostituta pelos judeus, uma mulher com a cabeça rapada era tida

como meretriz pelos gregos. A experiência de Paulo, portanto, apresenta-nos contundente

silogismo.

As mulheres da igreja de Corinto viviam em meio a duas tradições distintas; Paulo,

por ser judeu, propunha a manutenção do costume hebraico; logo, a questão do uso

do véu ou dos cabelos compridos era apenas pertinente àquele contexto cultural.

Seria um absurdo imensurável pastores exigirem que seus membros adotem essa

prática, já que as mulheres de suas congregações não estão inseridas na cultura dos

judeus, tampouco na da Grécia antiga.

Em "O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo", Russel Norman

Champlin grifa o seguinte:

67

É impossível tornar compatíveis os costumes da igreja do século XX, no que

diz respeito às mulheres e ao que podem fazer na igreja, com os costumes do

primeiro século da era cristã. A tentativa é absurda, e as interpretações dadas

por aqueles que seguem à risca esses preceitos são desonestas ou baseadas

na falta de conhecimento próprio (...) (...) Ora, tudo isso pode ser

compreendido somente à luz dos costumes sociais da época, visto que o véu

não mais significa qualquer coisa para nós. Porém, em várias culturas antigas,

às mulheres não era permitido terem livre contacto social, mas, antes, tinham

de permanecer em relativa reclusão.2

3. A natureza como produção cultural, e não a natureza como ordenação de Deus,

é que estabelece qual o tamanho do cabelo dos homens e das mulheres.

A argumentação de que há preceito bíblico estipulando o tamanho dos cabelos

masculinos e femininos baseia-se no fato de Paulo ter mencionado, no versículo 14, a

própria natureza como testemunha da desonra que é para o homem o uso de cabelos

compridos. Mas qual natureza ele convoca para autenticar tal ensino? A natureza

como força ativa que conserva a ordem natural, ou os preceitos sociais dos Coríntios?

Geralmente os judeus andavam com cabelos compridos. Já os gregos preferiamnos

bem curtos. Dizer que a natureza como ordenação divina é que estabelece que os

cabelos dos homens devem ser curtos é não levar em conta que Deus instituiu, no

caso dos nazireus, que não se passasse navalha na cabeça.

Disse o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel, dize-lhes: Quando alguém,

seja homem, seja mulher, fizer voto especial, o voto de nazireu, a fim de

consagrar-se para o Senhor, abster-se-á de vinho e de bebida forte; não

beberá vinagre de vinho, nem vinagre de bebida forte, nem tomará

beberagens de uvas, nem comerá uvas frescas nem secas. Todos os dias do

seu nazireado não comerá de coisa alguma que se faz da vinha, desde as sementes

até às cascas. Todos os dias do seu voto de nazireado, não

passará navalha pela cabeça; até que se cumpram os dias para os quais

se consagrou ao Senhor, santo será, deixando crescer livremente a

cabeleira. Todos os dias da sua consagração para o Senhor não se

aproximará dum cadáver. Por seu pai, ou por sua mãe, por seu irmão, ou por

sua irmã, por eles não contaminará, quando morrerem; porquanto o nazireado

do seu Deus está sobre a sua cabeça. Por todos os dias do seu nazireado

santo será ao Senhor. (Nm 6:1-8)

68

Ora, se a natureza eterna, e não cultural, ensina que os cabelos dos homens não

podem e nem devem ser longos, por que Deus instituiria o nazireado? Não seria

estabelecer algo contrário a sua própria natureza? Se a desonra a que Paulo se refere

em 1 Coríntios 11:14 é espiritual, e não cultural, os nazireus seriam um grupo que

colocaria a palavra do Senhor dita a Moisés em descrédito. Isso tornaria Deus

incoerente e pecador, o que é um absurdo.

A questão dos cabelos longos para mulheres e curtos para os homens é

meramente cultural. Paulo pede que esses preceitos sejam respeitados apenas no

contexto de Corinto. Ele não poderia exigir que essas normas fossem obedecidas

hoje, pois o véu e os cabelos compridos já não possuem a mesma significação

daqueles dias. Na antigüidade, uma mulher, através da maneira como cortava seus

cabelos, podia transmitir lealdade ou insubmissão ao seu marido; hoje, contudo, a

submissão de uma mulher é transmitida pela aliança que carrega no dedo da mão

esquerda. Se o uso de cabelos longos naquela época simbolizava o mesmo pudor da

utilização do véu, no mundo contemporâneo já não é assim.

Mais uma vez, deve-se levar em conta o princípio por detrás do costume e não o

costume em si. Paulo desejava que as mulheres respeitassem a idéia de submissão e

que os símbolos dessa subordinação fossem igualmente acatados. Se naquela cultura

o símbolo da sujeição da mulher era manter os cabelos compridos, as mulheres não

deveriam cortá-los; mas se numa outra cultura (como a japonesa) estiver estabelecido

que as mulheres demonstram submissão andando alguns passos atrás do marido, que

se respeite tal hábito para que o princípio seja preservado.

No Japão, o fato de uma mulher cortar ou não o cabelo não contém nenhum valor

ético e moral, mas andar à frente do esposo sim. A Bíblia, nesse caso, aconselharia

que as mulheres andassem conforme a maneira admitida culturalmente por aquela

sociedade, nada mencionando, portanto, sobre o tamanho de seus cabelos.

Atente para o fato de que a preocupação bíblica é com o espírito da lei e não com

a letra. Preservar apenas a letra (o uso e o costume), mas não entender o porquê de

quaisquer mandamentos, provoca a morte:

...o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da

letra, mas do espírito, porque a letra mata, mas o espírito vivifica. (2 Co 3:6)

Qual seria o tamanho de cabelo ideal para caracterizar a submissão de uma

mulher? Qual a medida de cabelo destinada a homens que determinaria a

masculinidade de alguém? Simplesmente não há parâmetros, a própria sociedade é

quem decide essas questões. Na África os negros não poderiam adaptar-se a esses

conceitos, uma vez que o cabelo crespo e encarapinhado simplesmente não cresce.

Lá, a natureza ensina que tanto homens como mulheres devem ter cabelos curtos. Há

de se convir, dessa forma, que são as múltiplas ambiências culturais que determinam

tais valores.

Além disso, faz-se necessário lembrar que um ensino bíblico, para ser válido, deve

ter aplicabilidade universal. Ao ensinar sobre amor, fidelidade e coragem, a Bíblia

coloca-se acima de toda cultura; por isso, independentemente de como nossa

sociedade lida com esses valores, todos eles têm algo a nos ensinar.

 

É Proibido: O Que A Bíblia Permite E A Igreja Proíbe - Ricardo Gondim - EDITORA MUNDO CRISTÃO - São Paulo

RESUMO DA SÉRIE: COMO SE TORNAR UM LÍDER DE SEITA – POR WAGNER PEDRO

INTRODUÇÃO: A série "Como se Tornar um Líder de Seita" explora a trajetória de diversos líderes carismáticos que fundaram seitas ...