sexta-feira, 11 de julho de 2014

A OUTRA FACE DO REAVIVAMENTO NA RUA AZUSA NO ANO DE 1906 – POR WAGNER PEDRO


De acordo, com as estatísticas há mais de 600 milhões de carismáticos e seguidores de movimentos pentecostais.
Cada membro da igreja que seja carismático ou pentecostal tem suas raízes do avivamento da Rua Azusa e, mesmo assim a maioria das pessoas não conhece a sua própria história.
Muitas pessoas pensam sobre o movimento da Rua Azusa e falam sobre falar em línguas. È muito mais que isso.
Era 1906, e Deus mostrou um modelo para a sociedade. Em 1906, as mulheres dos EUA não tinham o direito nem de votar, porém no movimento pentecostal da Rua Azusa elas tinham posições de autoridade e liderança na igreja.
Em 1906, havia segregações por toda a sociedade e ainda assim, Deus mandou um avivamento para os negros, hispânicos etc. Deus valorizou essas pessoas 50 anos antes de qualquer legislação civil.
Dizem os historiadores que o poder de Deus era tão forte na Rua Azusa que, às vezes pessoas caíam a um quarteirão do prédio pelo poder do Espírito Santo.
Em 1906 para os luteranos, o endereço de congregar era a Wittengurg University, para os wesleyanos e metodistas era Aldersgate, em Londres  para os pentecostais negros era na Rua Azusa 312.
Tudo começou na Rua Bonnie Brae, 214, tendo o endereço mudado para Rua Bonnie Brae, 216 em uma casa simples. Como em atos 2:4, eles falaram em línguas estranhas em suas reuniões.
Seymour um afrodescendente fazia encontros noturnos de orações em busca do Batismo com Línguas estranhas. Seymour, então, foi atrás de Lucy Farrow, que já era batizada e Jay. A. Warren, ambos moravam em Houston.
Em 6 abril Seymour e seu grupo entraram em uma abstinência de 10 dias determinados a conseguir o batismo. Em 9 de abril uma segunda-feira Seymour visita Lee em sua casa por volta das 18h para orar por sua recuperação de uma doença.
Lee é curada e pede para receber o Espírito Santo como sinal de cura. Em resposta a oração à prece de Seymour, Lee começa a falar em línguas.
Seymour e Lee vão até a Rua Bonnie Brae para o encontro de oração. Seymour começa com uma música e, depois, como é lembrado com várias orações e testemunhos. E por fim, começa um sermão jamais esquecido, anunciando o texto de atos 2:4.
Lee levanta os braços e surpreende a todos falando em línguas. Em seguida o grupo todo se ajoelha falando em línguas enquanto a irmã e o irmão, companheiros de Seymour chamavam o Deus de Espírito.
Quando a filha do casal entrou na sala havia um jovem profetizando na varanda. Jennie Evans Moore que morava na casa da frente começou a falar em línguas. Jennie não sabia tocar piano, mas preenchida com o Espírito, ela tocava lindamente e com uma linda voz, incrivelmente cantou seis línguas estrangeiras, com interpretação. Esse dom das línguas, de cantar e tocar continuaram até o fim de sua vida.
Neste dia, segundo alguns registros, dizem que Lucy Farrow, de Houston orou e colocou as mãos nas pessoas para receberem o batismo. Tudo ocorreu segunda-feira, 9 de abril de 1906.
A Lucy Farrow foi peça chave no ministério de Seymour, foi ela que contou como ser preenchida com Espírito, foi ela que Charles Parham usou para colocar as mãos e tirar as doenças em Houston, Texas, onde as pessoas foram preenchidas. Foi ela que Seymour chamou e fez com que fosse a Rua Bonnie Brae para que pessoas fossem preenchidas.
Os hispânicos assim como os negros também dizem que a Rua Azusa faz parte da história deles. Não há muitos nomes hispânicos que aparecem na missão da Rua Azusa.   
 Os hispânicos estavam lá desde o começo da Rua Azusa, inclusive a primeira pessoa salva nas reuniões da Rua Azusa foi um hispânico que trabalhava em um prédio na mesma rua.
A história registra alguns nomes: Um deles era de Abundio Lopez e sua esposa Rosa.  Outro era o de Alfred Valdez , este se tornou pregador renomado. E um terceiro nome é de Brígio Perez.
Neste período, Deus usa a George Montgomery que foi um investidor no mercado de ações e tinha um lugar na bolsa de valores de São Francisco. Ele tinha minas de ouro no México e usou o seus recursos para financiar os ministérios de Olazábal e Juan Lugo que haviam tido a experiência pentecostal. Após o movimento da Rua Azusa se espalhou a experiência pelo México e América do Sul através desses pregadores.
Nenhum movimento cristão teve tanto preconceito e perseguição, como o da missão da Rua Azusa. Os artigos de jornais chamavam as pessoas de loucas, malucas e muitos foram levados aos manicômios.
Alguns locais as mulheres caiam no chão e balançavam as pernas no ar, e quando a policia era chamada, fechava o lugar.
O jornalista G. Campbeel Morgan chamou o movimento pentecostal de “último vômito de satã”. Depois, outros falaram de bruxaria e possessão do demônio.
O primeiro livro contra o movimento chamava Demons and Tongue de Alma White.
Existem referências de história de pedras sendo atiradas em pastores, e de que alguns radicais espalhavam excrementos de cachorros nas teclas do piano, antes do inicio dos cultos, com o intuito de prejudicar a reunião.
Eles derrubavam as tendas dos irmãos no culto ao ar livre e algumas pessoas ainda eram mortas por causa de seguirem a fé pentecostal. Eles pagaram um preço por serem pentecostais.

Os pentecostais eram considerados fanáticos, eram considerados de classe baixa, eram considerados sem educação.
O movimento da Rua Azusa trouxe os milagres do Espírito de volta. Uma vez, uma parede foi coberta por muletas e aparelhos de pessoas que haviam sido curadas na Rua Azusa. Além de falarem em línguas, e das curas, ainda há registros que havia crianças que dançavam com o Espírito e profetizavam.
O líder Seymour era um homem de visão, relata a história que ele recebeu Florence Crawford no ministério, e ela ficava como líder na Califórnia, isto demonstra que ele era muito aberto em ralação a usar mulheres de várias formas que não haviam sido usadas antes.
Conforme a igreja cresceu, mudou os papeis das mulheres do movimento, cassaram seu poder de pregar, não permitiam que elas tivessem palavra igual ao governo da igreja.
Mas é importante mencionar que, em um período histórico de segregação, Deus levantou líderes negros para a igreja.
Uma das grandes histórias é de Charles H. Mason fundador da igreja de Deus em Cristo, mais de 350 pastores brancos se juntaram à igreja Deus em Cristo, com Mason com a finalidade de receberem a consagração de ministros.  E os brancos eram liderados por bispos negros o que era impensável na época. Esse foi um dos grandes milagres do movimento pentecostal.
Entretanto, durante esse período, de 1907 a 1914 houve muita discussão dos brancos convivendo com negros na igreja.
Desta forma, os brancos decidem e fazem uma assembleia em Hot Springs, em abril de 1914 e formam uma união com pessoas da Rua Azusa de Indianápolis de Ohio e arredores, e de Colorado. Eles formaram a Assembleia de Deus.
Em 1924 pentecostais brancos e negros, tinham vidas separadas.  Em 1948 quando os pentecostais brancos se juntaram a associação nacional de evangélicos os negros não foram convidados.
Então, eles formaram a Associação de Igrejas Pentecostais da América que era toda de brancos, em 1948.
Houve duras críticas, pois os pastores brancos, mandava dinheiro para ajudar na África, mas não faziam absolutamente nada para arrancarem a divisão de raça nos EUA.
Até que em 1994 alguns líderes da Assembleia de Deus e da Igreja de Deus em Cristo se uniram para uma reconciliação. A solenidade teve a participação do pastor Jack Hayford que foi um dos que discursaram.
Este trabalho acadêmico, não teve o desígnio de esgotar o assunto, mas apenas de trazer um resumo histórico, focando a história nunca antes contada que envolve preconceitos, racismos e intolerância religiosa.

   


6 comentários:

  1. Aprecio o fato de você ter se interessado pelo avivamento da rua Azuza e tê-lo trazido de forma clara e direcionada. Tocando em pontos que fazem filhos de Deus pensarem sobre o que nos falta hoje que nos faz não termos os mesmos resultados e que erros estaríamos repetindo. Deus é o mesmo e seu poder igualmente, quem muda é o homem, e depois cria doutrinas para justificar isso. Mas "os olhos do Senhor (ainda) passeiam por toda a terra, procurando os que são inteiramente dele, para se mostrar forte para com o tais.

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  2. Obrigado pelo registro. A experiência pentecostal já está nos anais da história. Ninguém pode negar isso, como também não se pode negar seus reflexos ainda hoje. Porém, uma coisa não justifica a outra. Temos que examinar os pontos positivos sem nos esquecer dos negativos. Por fim, esclareço que não sou cessacionista, eu creio na atuação do ES em nossos dias, mas tenho minhas ressalvas com abusos que tem acontecido em todo o Brasil.

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  3. Existe registro em literaturas e provavelmente documentários. Não quis trazer nada novo apenas compartilhar o conteúdo que obviamente é fruto de pesquisas.

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