+ TEOLÓGICOS

AVIVAMENTO E RENOVAÇÃO - Dr. Luiz Paulo Allegrussi

Muita controvérsia tem trazido estes temas diante das igrejas ditas “tradicionais”, como Batistas e Presbiterianas, pois, conforme se diz no jargão futebolístico, “em time que está ganhando não se mexe”.
Porém, algumas questões não podem ficar sem respostas. Por exemplo: quem disse que estamos ganhando alguma coisa? O fato de a igreja Católica Apostólica Romana ter perdido tantos membros não significa, em hipótese alguma, que eles tenham migrado para as igrejas evangélicas ... muitos vão ao espiritismo, muitos ao ateísmo, e muitos até apostatam da fé ... e quem ganha com isso é o inimigo das nossas almas ...
Por isso, é necessário haver um movimento, um rebuliço, verdadeiramente de dentro para fora das igrejas, pois a reunião dos salvos dentro do espaço geográfico de quatro paredes NÃO É A IDEIA CORRETA DE IGREJA, mas a igreja somos nós, pessoas, individualmente falando. Onde quer que estejamos, aí deve estar a Igreja, aí Cristo deve estar !!!
Este movimento, nas sábias palavras do Pastor Enéas Tognini, é o que movimenta, oxigena, dá vida às igrejas ... precisamos nos mover, pois a igreja é um organismo vivo, com muitos membros. Precisamos crescer, e um ser humano não cresce se não tiver alguns cuidados básicos, como asseio, planejamento e alimento, sob pena de morrer de inanição.
Assim, AVIVAMENTO é a igreja (cada membro) avivar em sua mente o sacrifício vicário de Cristo Jesus, entendendo a obediência do Filho em aceitar, ainda que temporariamente, ser dissociado da Trindade para, na forma humana, vir à terra, viver como um reles mortal, ter sido sujeito a todo tipo de privações e provações e, ainda assim, sem nunca ter pecado, dar sua própria vida em sacrifício de muitos que, sequer, haviam nascido, para que TODOS tivessem acesso à vida eterna. AVIVAR, neste diapasão, significa LEMBRAR, não ter a mente cauterizada pelo pecado ou pela inserção de ideias e pensamentos apenas numéricos ou financeiros, analisar que não estamos numa guerra contra outras denominações, mas sim contra o inimigo das nossas almas.
Então, AVIVAMENTO é, em síntese, RETORNAR aos fundamentos irrefutáveis e inquestionáveis da Fé, RESTAURAR o que foi esquecido pelo desuso, e RESTITUIR o entusiasmo e o ânimo de servir ao Senhor com alegria. O AVIVAMENTO é a mais pura e singela operação do Espírito Santo de Deus entre o seu povo, que deve operar individualmente em cada cristão e surtir seus efeitos coletivamente.
Por outro lado, RENOVAÇÃO é buscar uma nova forma de servir ao Senhor de maneira que o inimigo não tenha sucesso, seja pela ação dos cristãos, seja pela não omissão dos mesmos. Renovar é tornar novo o que estava obsoleto, é uma repaginação naquilo que não estava mais funcionando. Por exemplo, um sofá que tenha uma estrutura muito boa, madeira de lei de primeira qualidade, e cujo estofamento, por um motivo ou outro, rasgou. Será que preciso comprar um novo? Não seria melhor manter a estrutura, que está saudável, sem cupins, sem rachaduras, e apenas reformar a parte que estragou, o exterior, o estofamento?
SE A ESTRUTURA DO CRISTÃO for boa, perfeita e agradável aos olhos do Senhor, deve, sim, ser feita uma renovação espiritual, de maneira que o cristão renove seus votos (retorno ao primeiro amor), repense seus valores e caminhos errados (ou equivocados) e comprometa-se, diante de Deus, a trilhar novos e perfeitos caminhos, pois RENOVAR é tornar novo, reavivar, renascer ...



LIBERANDO O FLUIR DO AVIVAMENTO


Pergunta fácil: quantos cristãos conhecemos (incluindo nós mesmos) que são simples esquenta-bancos? Só vão à Igreja para mostrar as roupas nova, a última moda em Paris? Ou para “matar a saudade” do irmão ou da irmã? Ou, pior, para se inteirar das últimas novidades (ou seja, fofocas) que Fulano contou para Cicrano que Beltrano fez ou deixou de fazer tal coisa? É o dom da língua “comprida” ...
Precisamos deixar o Espírito Santo de Deus agir livremente nos nossos modos de pensar, agir e, principalmente, ADORAR ao Senhor. Quando vamos às reuniões nas Igrejas (ou nas células, ou pequenos grupos, ou grupos familiares), nosso objetivo deve ser a aproximação com Deus, a Santificação (processo da Salvação, atendendo a Hebreus 12:14, que nos ensina: “... Segui a paz com todos, e a SANTIFICAÇÃO, sem a qual ninguém verá o Senhor”), e a isso dá-se o nome de AVIVAMENTO.
Uma igreja (eu, cristão, pessoa) avivada não quer dizer “pentescotalizada”, não significa sair por aí falando em línguas (bíblico) nem repetindo palavras treinadas que não tem nenhum significado espiritual (herético), não significa ser “crente ré-té-té”, “sapatinho de fogo” ou “penteca”, formas pejorativas, depreciativas (e das quais não gosto) de se referir aos irmãos pentecostais.
Uma igreja (eu, cristão, pessoa) avivada significa ser um cristão dirigido pelo Espírito Santo de Deus, que olha para as coisas do reino com os olhos da Fé, que não vê maldade em tudo e em todos, que se dedica à oração, ao jejum, à prática do bem, à assistência aos órfãos e às viúvas, às boas obras (não como causa da salvação, mas sim como consequência dela). Enfim, avivamento é a busca da aproximação com Deus, é um mover espiritual gigantesco, que começa um a um e vai-se disseminando aos demais ...
Deus espera poder finalmente nos dar um avivamento. Em Isaías 33.9-10 está escrito a respeito desse assunto: "A terra geme e desfalece; o Líbano se envergonha e se murcha; Sarom se torna como um deserto, Basã e Carmelo são despidos de suas folhas. Agora me levantarei, diz o Senhor; levantar-me-ei a mim mesmo, agora serei exaltado." Deus falou isso a Israel naquela época. Em Jesus Cristo e através de Jesus Cristo Ele diz as mesmas coisas para nós hoje. Deus, quando diz:"Agora me levantarei, diz o Senhor; levantar-me-ei a mim mesmo, agora serei exaltado", o faz porque a terra estava "gemendo e desfalecendo". E com isso Ele quer expressar exatamente o que está escrito também em Isaías 44.3: "Porque derramarei água sobre o sedento, e torrentes sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes." E é exatamente isso que Deus quer dar a uma terra que, a Seus olhos, está "gemendo e desfalecendo". Naturalmente essa promessa vale em primeiro lugar para Israel, mas fico tão feliz porque posso ter a certeza de que o Senhor dirige essas palavras também a nós atualmente. "Derramarei água sobre o sedento, e torrentes sobre a terra seca" Espiritualmente falando, será que não é terra seca o que se encontra dentro da Igreja de Jesus em muitos lugares? Mas justamente ali, onde tudo está seco e sem vida, o Senhor quer derramar torrentes de água viva. E Ele realmente espera com um desejo ardente poder finalmente fazer aquilo de que fala também Isaías 30.18a: "...o Senhor espera para ter misericórdia de vós, e se detém para se compadecer de vós..." "Ele vai demonstrar o seu amor com grande poder..." (A Bíblia Viva). Estamos prontos a receber um despertamento? Como vem um avivamento? Para alcançarmos um avivamento real, certas condições precisam estar presentes em nossa vida. Mas existe uma outra coisa que não devemos esquecer quando falamos de despertamento: a oração. Temos de orar por um despertamento! A seguir, não quero falar das razões para implorarmos por avivamento. Pretendo mostrar, com alguns exemplos bíblicos, que a oração por avivamento está plenamente de acordo com a Bíblia. Pensemos em Asafe, que no Salmo 80 orou três vezes:"Restaura-nos, ó Senhor Deus dos Exércitos, faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos" (v. 19, comp. também os vv. 3 e 7). Naturalmente aqui, dentro do contexto, trata-se de uma vivificação exterior. Mas quando se conhece a história bíblica de Israel mais ou menos profundamente, então se sabe que uma vivificação, uma restauração exterior sempre antecedia um avivamento interior. Por isso, quando Israel orava por nova vida, isso era também um clamor por nova vida espiritual, por renovação interior. Encontramos outro exemplo de oração por despertamento e nova vida no Salmo 85. Vemos isso especialmente no versículo 6, onde os filhos de Coré imploram: "Porventura não tornarás a vivificar-nos, para que em ti se regozije o teu povo?" Um terceiro exemplo de oração por avivamento é encontrado em Habacuque 3.2, onde o profeta exclama: "Tenho ouvido, ó Senhor, as tuas declarações, e me sinto alarmado; aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos e no decurso dos anos faze-a conhecida." Esse terceiro capítulo também é chamado de salmo de Habacuque. Ouça o que ele nos ensina ao orar: "Tenho ouvido, ó Senhor..." Ele tinha ouvido, ele estava consciente do que Deus pensava da situação em que se encontrava a obra do Senhor, e ficou alarmado. Mas ele não ficou nisso. Observe que Habacuque tomou as providências corretas, pois ele pediu: "...aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos, e no decurso dos anos faze-a conhecida." Meus irmãos e irmãs, será que nós também ouvimos as declarações do Senhor? E será que a Escritura não nos diz por vezes suficientes que Deus quer mandar um despertamento? Sem dúvida! Recordemos apenas as palavras de Isaías 44.3, que quero citar outra vez para que fixemos bem seu conteúdo: "Porque derramarei água sobre o sedento, e torrentes sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes." Por isso oremos também: "...aviva a tua obra, ó Senhor... faze-a conhecida." Quero frisar uma vez mais: é bíblico orar por avivamento, pois por qual outra razão o Senhor teria exclamado em Lucas 10.2: "A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara"? De certa forma, essa é outra oração por despertamento. Por isso vamos orar, não esquecendo que o Senhor poderia mandar obreiros para Sua seara sem a nossa intercessão, mas não o faz! Ele quer que oremos; Ele até, de certa forma, espera por nossas orações! Interceder por despertamento é como interceder por Israel. O Senhor fala sobre isso cheio de emoção: "Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei. Por isso eu derramei sobre eles a minha indignação..." (Ez 22.30-31). Se naquela ocasião o Senhor tivesse encontrado pessoas crentes que intercedessem perante Ele por Seu povo, talvez tivesse poupado a Israel. O mesmo acontece com um despertamento: mesmo que o avivamento venha exclusivamente da parte de Deus e mesmo que só o Senhor possa despertar Seu povo, temos de orar com fervor para que o avivamento aconteça. Paulo o sabia muito bem, senão não teria feito o pedido aos cristãos de Tessalônica:"Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague, e seja glorificada, como também está acontecendo entre vós" (2 Ts 3.1). A palavra do Senhor se propagando e sendo glorificada já é avivamento. E exatamente por isso o apóstolo pediu que a igreja intercedesse por um despertamento. Será que nós também não temos que orar muito mais por despertamento? Resultados de um verdadeiro despertamento em nossa vida Quando falamos de avivamento ou despertamento, sempre vem à nossa mente a ideia de manifestações poderosas e visíveis do Senhor, sempre pensamos em Deus agindo de maneira grandiosa através do Seu Espírito Santo. Realmente, às vezes, o Senhor se revela de maneira poderosa e visível em nossas vidas. Mas isso nem sempre é assim. Às vezes, Deus também age de maneira diferente, e um despertamento pode se manifestar de maneira bem diversa. Quando acontece isso? Quando Deus decide deixar um despertamento acontecer em pequena escala, dentro da vida de uma só pessoa.
Avivamento significa em primeiro lugar que os crentes mornos, cansados, despertem para uma nova vida espiritual e entrem outra vez em contato com "rios de água viva". Ou expressando-o com uma passagem bíblica: "... a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus" (Cl 3.3). Esse é quase sempre o início de um avivamento. Mas nós pensamos sempre em acontecimentos espetaculares quando falamos em rios de água viva e em despertamento. Entretanto, o acontecimento maior e mais espetacular é quando filhos de Deus que estavam mornos e cansados espiritualmente se tornam outra vez ardorosos pelo Senhor; quando em suas vidas começam a jorrar outra vez os "rios de água viva". O falar de Deus e o avivamento Nesse contexto, pensemos em Elias, que em sua vida nunca foi morno, mas experimentou um período de profundo desânimo espiritual. Justamente Elias precisava ser tocado pelo Senhor, e quanto ele necessitava outra vez de "rios de água viva" em sua vida bem pessoal! Deus proporcionou a Elias um novo encontro com o Senhor mesmo. Em 1 Reis 19.11a lemos sobre a maneira maravilhosa como o Senhor fez isso: "Disse-lhe Deus: Sai, e põe-te neste monte perante o Senhor. Eis que passava o Senhor..." Em outras palavras: "Elias, prepare-se, pois quero me encontrar outra vez com você." E então o Senhor vem. Mas como é que Deus se revela a Elias? O texto bíblico continua: "...e um grande e forte vento fendia os montes e despedaçava as penhas diante dele, porém o Senhor não estava no vento; depois do vento um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto; depois do terremoto um fogo, mas o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo um cicio tranquilo e suave. Ouvindo-o Elias, envolveu o rosto no seu manto e, saindo, pôs-se à entrada da caverna. Eis que lhe veio uma voz e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?" (1 Rs 19.11b-13). Quando Elias teve de ser confrontado outra vez com "rios de água viva", só havia um cicio suave e tranquilo, e foi assim que o Senhor teve um novo encontro com Elias. Como era importante para o Senhor despertar e fortalecer Seu servo Elias de uma maneira renovada e bem pessoal! E isso aconteceu – no silêncio! E assim, creio eu, todo e qualquer avivamento verdadeiro e real tem seu início, isto é, ele começa bem no fundo do coração de cada pessoa, de uma maneira bem suave e bem individual. Talvez fosse isso o que o Senhor queria dizer aos fariseus quando Lhe perguntaram quando viria o reino de Deus, e Ele respondeu: "Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! porque o reino de Deus está dentro em vós" (Lc 17.20b-21). Meus irmãos e irmãs, vamos orar por um avivamento assim, bem "dentro de nós"? Que o Senhor nos abençoe nesse propósito! (Marcel Malgo - http://www.chamada.com.br)


Existem apóstolos nos dias de hoje? - Por João Rodrigo Weronka



É curioso observar como algumas igrejas evangélicas tem facilidade em aceitar novidades. E é triste verificar a falta de empenho dos cristãos em observar as Escrituras e analisá-las com sensatez e cuidado. Triste também é saber que poucas são as igrejas que motivam seus membros ao estudo sistemático da Bíblia, ao aprofundamento teológico, a formação de grupos de estudo e discussão sobre as doutrinas cristãs e que verifiquem na Bíblia se as coisas realmente são como é pregado. Aliás, não é pecado analisar se os ensinos e a pregação estão em conformidade com as Sagradas Escrituras (Atos 17.10-11).

Dentro desta miscelânea de revelações e novidades que temos observado, é importante expressar-se sobre o caráter das revelações: 1) as revelações nunca deverão ser colocadas acima da Bíblia. A Bíblia é a palavra final e autoridade máxima, já que se trata da inerrante Palavra de Deus; 2) Se a revelação está em desconformidade com a Bíblia, descarte imediatamente tal revelação. Deus não é Deus de confusão (1 Coríntios 14.33) As experiências pessoais não podem ser colocadas acima das Escrituras Sagradas, pois estas já contêm a revelação do propósito de Deus ao homem.

Nestes tempos de tantas novidades, algo chama atenção de maneira muito preocupante na história recente da igreja: trata-se do Apostolado Contemporâneo, ou Restauração Apostólica. Muitos têm se levantado como apóstolos nestes dias. Apóstolos ungindo apóstolos e criando uma hierarquia apostólica. Alguns pastores que, talvez por se sentirem menores que seus colegas de ministério que foram ungidos como apóstolos, ungem-se a si mesmos e se auto-proclamam apóstolos. Não há fundamento para o chamado ministério apostólico contemporâneo pelo simples fato do mesmo não possuir respaldo bíblico.

O termo

Segundo o Dicionário Bíblico Universal, o termo apóstolo “significa mais do que um ‘mensageiro’: a sua significação literal é a de ‘enviado’, dando a idéia de ser representada a pessoa que manda. O apóstolo é um enviado, um delegado, um embaixador” (Buckland & Willians, p. 35) . A Bíblia de Estudo de Genebra também aplica esta descrição, dizendo que apóstolo “significa ‘emissário’, ‘representante’, alguém enviado com a autoridade daquele que o enviou” (Bíblia de Estudo de Genebra, p. 1272).

A frágil sustentação

Aqueles que defendem esta frágil posição, têm se sustentado principalmente na má interpretação do texto de Efésios 4.11 para o uso do ministério apostólico para nossos dias. O texto de Efésios 4.11 diz: “E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres”.

A refutação

As regras mais simples de hermenêutica nos ensinam que os textos sagrados nunca devem ser tirados de seu contexto. E no contexto da epístola de Paulo aos Efésios, temos no capitulo 2 o texto que prova que este ministério não mais existe. Antes de citar o texto, é importante refletir: quando um prédio é construído, o que é feito primeiro? As paredes ou a fundação da obra? É obvio que todo alicerce, toda fundação é feita em primeiro lugar. Não é possível construir as paredes e no meio das paredes fazer a fundação. Efésios 2.19-20 diz: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular”.

Cristo é a pedra angular e os fundamentos foram postos pelos apóstolos e profetas. Os evangelistas, pastores e mestres são os responsáveis pela construção das paredes desta obra. Como bem explica Norman Geisler “De acordo com Efésios 2.20, os membros que formam a igreja estão ‘edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas’. Uma vez que o alicerce está pronto, ele não é jamais construído novamente. Constrói-se sobre ele. As Escrituras descrevem o trabalho dos apóstolos e dos profetas, quanto à sua natureza, como um trabalho de base” (Geisler, p. 375).

A Bíblia registra o uso do termo apóstolo a outros personagens. Russel N. Champlin explica que “há também um sentido não técnico, secundário, da palavra ´apóstolo´. Trata-se de uma significação mais lata, em que o termo foi aplicado à muitas outras pessoas, nas páginas do NT. Esse sentido secundário dá a entender essencialmente ´missionários´, enviados dotados de poder e autoridade especiais” (Champlin, p. 288, v. 3). Nesse sentido o Ap. Paulo chamou a alguns irmãos por apóstolos seguindo este termo não técnico:
Personagem
Texto
Tiago, irmão do Senhor
Gálatas 1.19
Epafrodito
Filipenses 2.25
Apolo
1 Coríntios 4.9
Andrônico e Junias
Romanos 16.7
No contexto de Efésios 4.1, Paulo não estava se referindo a estes homens, mas sim aos 12, Matias (que substituiu Judas Iscariotes), e a si mesmo. Estes compunham, juntamente com os profetas, o fundamento da igreja (Efésios 2.19-20).

Existiam duas exigências fundamentais para que um apóstolo fosse reconhecido para tal função:
1) Ser testemunha ocular da ressurreição de Jesus Cristo (Atos 1:21-22; Atos 1.2-3 cf. 4.33; 1 Coríntios 9.1; 15.7-8);

2) Ser comissionado por Cristo a pregar o Evangelho e estabelecer a igreja (Mateus 10.1-2; Atos 1.26).

Assim como Matias, que passou a integrar o corpo apostólico por ser uma testemunha, Paulo, que se considerava o menor, por ser o último dos apóstolos, contemplou a Cristo no caminho de Damasco (Atos 9.1-9; 26.15-18), onde ocorreu o início de sua conversão. Ou seja, ambos preenchem os pré-requisitos para tal função. No entanto, os que se intitulam apóstolos em nossos dias não se encaixam nos padrões bíblicos que validam o apostolado.
É interessante que, enquanto o Ap. Paulo refere-se a si mesmo como “o menor dos apóstolos” (1 Coríntios 15.9), os atuais apóstolos tem por característica a fama e a ostentação do título. Tudo é apostólico! A unção é apostólica! Os eventos são apostólicos! As músicas são apostólicas! Nem de longe se assemelham com a humildade dos apóstolos bíblicos. Eventos, cultos e seminários se tornam mais interessantes quando a presença do Apóstolo Fulano é confirmada. É um chamariz: “venha e receba a unção apostólica diretamente do Apóstolo Beltrano”. Tais apóstolos têm se colocado como super-crentes, uma nova e especial classe da igreja, a elite cristã dos tempos modernos. Hoje existe de tudo um pouco neste balcão mercantil da fé: Apóstolo do Brasil, Apóstolo da Santidade, Apóstolo do Avivamento e até mesmo o mais popular apóstolo brasileiro, chamado por muitos por “Paipóstolo”.
Existem hoje ministérios com características apostólicas, no sentido das missões (envio) e no estabelecimento de igrejas. No entanto, isso não faz de ninguém um apóstolo nos padrões bíblicos. A forma como Wayne Grudem explica esse fato é muito esclarecedora: “Embora alguns hoje usem a palavra apóstolo para referir-se a fundadores de igrejas e evangelistas, isso não parece apropriado e proveitoso, porque simplesmente confunde que lê o Novo Testamento e vê a grande autoridade ali atribuída ao ofício de ‘apóstolo’. É digno de nota que nenhum dos grandes nomes na história da igreja – Atanásio, Agostinho, Lutero, Calvino, Wesley e Whitefield – assumiu o título de ‘apóstolo’ ou permitiu que o chamassem apóstolo. Se alguns, nos tempos modernos, querem atribuir a si o título ‘apóstolo’, logo levantam a suspeita de que são motivados por um orgulho impróprio e por desejos de auto-exaltação, além de excessiva ambição e desejo de ter na igreja mais autoridade do que qualquer outra pessoa deve corretamente ter”. (Grudem, p. 764).

É equivocado aplicar o termo “apóstolo” para ministros contemporâneos. A Bíblia de Estudo de Genebra concluí que “Não há apóstolos hoje, ainda que alguns cristãos realizem ministérios que, de modo particular, são apostólicos em estilo. Nenhuma nova revelação canônica está sendo dada; a autoridade do ensino apostólico reside nas escrituras canônicas” (Bíblia de Estudo de Genebra, p. 1272).

Tamanho o fascínio que os crentes possuem por essa Restauração Apostólica, gera preocupação nas lideranças mais sóbrias. Vale citar as sábias palavras de Augusto Nicodemus Lopes: “Há um gosto na alma brasileira por bispos, catedrais, pompas, rituais. Só assim consigo entender a aceitação generalizada por parte dos próprios evangélicos de bispos e apóstolos auto-nomeados, mesmo após Lutero ter rasgado a bula papal que o excomungava e queimá-la na fogueira.” (Lopes, cf. blog do autor).

Conclusão

Os ofícios que o Novo Testamento expõem para a igreja, para aqueles que compõem sua liderança, são: Apóstolos, Pastores (ou Presbíteros, ou Bispos – já que todos os termos representam a mesma função/ofício – Tito 1.5-7; Atos 20.17,28) e Diáconos. Esta Restauração Apostólica não encontra subsídio bíblico ou histórico, portanto, levando em conta este contexto, e considerando principalmente que Paulo foi o último apóstolo, conclui-se que não existem apóstolos em nossos dias. Cabe a igreja de nossos dias, exercer suas funções sem invencionices e modismos, seguindo o puro e verdadeiro Evangelho.


Referências:

Buckland, AR. e Willians, L. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: 2001. Editora Vida

Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo: 1999. Editora Cultura Cristã

Geisler, N. e Rhodes, R. Resposta às Seitas. Rio de Janeiro: 2004. CPAD.

Champlin, RN. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, v. 3 e 4. São Paulo: 2002. Hagnos
Grudem, W. Teologia Sistemática. São Paulo: 1999. Edições Vida Nova.
AGIR – Agência de Informações Religiosas – www.agirbrasil.com
Augusto Nicodemus Lopes –
http://tempora-mores.blogspot.com/

PISTANTROFOBIA – Por Wagner Pedro



A palavra foi formada através do Grego OPISTÓS, “atrás”, mais PHOBIA, “medo”, significando “o medo do passado, do que vinha antes”.
Logo, é o medo de confiar em pessoas devido experiências do passado.
A palavra “Não Temas” ou seu equivalente, “Não Temais” na Bíblia de tradução João Ferreira de Almeida Atualizada, aparece 92 vezes, como forma de encorajamento. Ao contrário do que dizem por ai, não aparece 366 vezes, mas ainda assim, é um número a ser considerado, para uma mesma expressão.
Não fugindo do foco, desta breve reflexão, quero ser direto ao ponto, Cristo quer verdadeiramente arrancar qualquer um de seus temores psicológicos.
Não tenho dúvidas que você já teve frustrações no passado, que o inimigo espiritual, utiliza para travar seu presente e futuro.
Mas Deus te diz nesta data:
Aquele que estava assentado no trono disse: "Estou fazendo novas todas às coisas!" E acrescentou: "Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança". Apocalipse 21:5
Antes de alguém, comentar que o texto é escatológico (evento futuro), se tu creres nesta Palavra, ela poderá ter efeitos literais e imediatos na sua vida.
O medo é um telescópio que aumenta o problema. Pare de focalizar na situação, comece a focalizar na solução que vem de Nosso Deus.
E creia que, tempos melhores lhe espera, mas radicalize suas atitudes, se preencha de ousadia, e desfrute das mudanças.
Sucesso em Cristo!

Sonhos e Profecias por uma perspectiva judaica

A era da profecia terminou com nossos três últimos profetas, Zechariah, Haggai e Malachi. Depois deles vieram os Homens da Grande Assembleia (Anshei Knesset Hagdola), que deram continuidade à cadeia de Tradição iniciada com Moshê Rabeinu quando recebeu a Torá no Monte Sinai. A partir daí (desde o tempo em que o Segundo Bet Hamicdash foi reconstruído no ano 3408), a Tradição foi continuada por Nossos Sábios, os Tannaim. Eles tomaram o lugar dos Profetas como os verdadeiros mestres de nosso povo. Tinham todas as qualificações mencionadas previamente, necessárias para qualificar alguém como profeta. Eram homens notáveis e santos, repletos com o conhecimento de D'us, perfeito em seu caráter e conduta, afastados das preocupações com os assuntos mundanos, e serviram a D'us com júbilo e inspiração. Mesmo assim, por razões somente conhecidas por D'us, o espírito da verdadeira profecia não lhes foi concedido, pois não deveria haver mais profetas após aqueles que aparecem no Tanach.
No entanto, se o espírito da verdadeira profecia não foi mais concedido a nossos gigantes espirituais, algo parecido ocorreu. Foi uma "sagrada inspiração" (ruach hakôdesh) que preencheu todos seus escritos e ensinamentos, da Mishná e Guemara dos Tannaim e Amoraim até seus sucessores, o Rabanan Seburai, seguido pelos Gueonim e as autoridades de Torá que os sucederam, tais como o Rif, Rashi, Rambam e outros.
No entanto, cada geração que se sucedia considerava-se num nível espiritual inferior que a precedente. "Se nossos predecessores foram como anjos, nós somos apenas homens" - era uma expressão favorita.
Com o fim da profecia, Nossos Sábios não confiariam mais em profecias para receber a revelação Divina e inspiração. Agora era tarefa dos Sábios preservar toda a sabedoria da Torá que já fora revelada, explicá-la de modo mais completo e com riqueza de detalhes, e transmiti-la às futuras gerações. Eles tinham de explicar e interpretar esta sabedoria Divina, pois grande parte vinha na forma de princípios gerais e declarações concisas, encerrando muito em poucas palavras. De fato, esta tem sido a tarefa de nossos grandes Rabinos, as verdadeiras autoridades de Torá, no decorrer das gerações até o dia de hoje.
Qual era, então, a atitude dos Sábios do Talmud quanto aos sonhos?
A opinião deles geralmente refletia a opinião da Torá, como destramente expressa pelo Profeta Jeremiah: "O que tem a palha a ver com o trigo?" (Jeremiah 23:28).
Em outras palavras, podia haver sonhos significativos, mas a maioria não tem significado. De fato, eles ecoavam as palavras de Jeremiah ao declarar: "Assim como não há grão sem palha, não há sonhos sem coisas vãs" (Ber, 55a). Isso se refere até mesmo a sonhos significativos mas, geralmente, os sonhos apenas refletem os pensamentos e ansiedades da pessoa durante o dia (ibid. 55b). A recomendação geral dos Sábios era não prestar atenção a sonhos, nem mesmo repeti-los, ou buscar uma interpretação. "Um sonho não interpretado é como uma carta não lida" - diziam eles (ibid. 55a), e "sonhos não têm consequência" (Gittin 52a). Assim, não faria sentido falar sobre sonhos "maus" e sonhos "bons".
Na verdade, a opinião geral é que um sonho "mau" é melhor que um sonho "bom" (Ber. 55a), pois um sonho "mau" pode encorajar a pessoa a pôr mais fé e confiança em D'us, pois afinal, Ele é o Senhor do Mundo.
No entanto, embora os Sábios minimizem a importância dos sonhos em termos de transmissão de mensagens ou revelações dos mundos superiores, eles indicam que há uma diferença quanto a quem o sonhador é.
Uma pessoa que durante o dia está preocupada com assuntos mundanos e ansiedades está propensa, como notamos, a sonhar com elas também durante o sono, e eles certamente não podem ser mais significativos que aqueles que a pessoa "sonha" durante suas horas de vigília. Mas alguém que está totalmente imerso em assuntos e pensamentos sagrados, envolvido com Torá e mitsvot durante todo o dia, é uma categoria totalmente diferente. Para uma pessoa assim, um sonho bem poderia transmitir algo que seja significativo. É principalmente a respeito disso que foi declarado: "Um sonho é um sessenta avos de profecia" (Ber. 57b).
Está também declarado no Zohar que agora que não existe profecia, nem Voz Celestial, um sonho pode às vezes transmitir uma mensagem do Céu (Zohar 1:238). Há exemplos no Talmud onde certos assuntos foram mostrados, ou revelados, em sonhos. Os Sábios chegam a mencionar um Anjo, ou Mestre, dos Sonhos (ba'al chalomot), que está encarregado de transmitir mensagens em sonhos (Sanhedrin 3a). São mencionados exemplos no Talmud onde disputas foram resolvidas através de sonhos, ou que questões difíceis foram explicadas (Men. 67a). Foi-nos relatado também sobre Sábios que se comunicaram com Sábios de gerações anteriores em sonhos (B.M. 85b). Comunicações similares foram também relatadas em tempos pós-talmúdicos, tais como Rashi comunicando-se com seu neto Rabi Shmuel (Rashbam) e Rabi Meir de Rothenberg revelando a um discípulo a correta leitura de uma passagem talmúdica. Um famoso Rabino do século treze, Rabi Yaakov Halevi de Marverge, também conhecido como Rabi Yaakov o Piedoso, escreveu responsa sobre assuntos da Halachá e Dinim que não tinham sido resolvidos, com base em revelações feitas a ele em sonhos (Shem Hagedolim, por Rabi Chaim Yosef David Azulay, Chida). No entanto, como já mencionamos, os sonhos dos Sábios são de uma categoria totalmente diferente. Um significado como esse não pode ser atribuído a sonhos dos seres humanos comuns.
Apesar disso, levando-se em conta a natureza humana, especialmente daqueles indivíduos que dão importância a seus sonhos, os Sábios sugeriram (Ber. 55b) uma prece especial a ser recitada durante Duchenen, quando os Cohanim erguem as mãos e abençoam a congregação. A prece começa com as palavras "Mestre do Mundo... tive um sonho, e não sei o que significa..." Assim rezamos para que seja a vontade de D'us que todos nossos sonhos, sejam sobre nós ou sobre outras pessoas, ou que os outros sonhem sobre nós, se forem bons, que se cumpram como os sonhos de Yossef, e se eles precisam ser mudados para bons, que D'us os transforme em bons.
Assim jamais devemos ser amedrontados pelos sonhos, nem nos preocupar a esse respeito, pois colocamos nossa confiança em D'us para nos proteger e ser misericordioso conosco.
Além da prece mencionada, que recitamos durante os Três Dias Festivos, incluímos também em nossas preces noturnas as palavras: "Que seja Tua vontade, ó Senhor meu D'us e D'us de meus antepassados, fazer-me deitar em paz, e faz-me acordar para uma boa vida e paz, e que eu não seja incomodado por maus pensamentos e sonhos..."
Ao nos prepararmos para dormir com uma prece assim nos lábios e com completa fé em D'us no coração, podemos ter certeza de que todos nossos sonhos serão bons.
Fonte: www.chabad.org.br

Observação do blogueiro: Não corroboramos com a totalidade do exposto acima, todavia é um material muito interessante, razão pela qual foi disponibilizado neste blog.

 

Sobre Lobos e pastores - Osmar Ludovico da Silva


"Pastores e lobos têm algo em comum: ambos se interessam e gostam de ovelhas, e vivem perto delas. Porém, pastores e lobos nos deixam confusos para saber quem é quem. Isso porque lobos desenvolveram uma técnica de se disfarçar em ovelhas interessadas no cuidado de outras ovelhas... mas ainda assim são lobos!

No entanto, não é difícil distinguir entre pastores e lobos:
Pastores buscam o bem das ovelhas... lobos buscam os bens das ovelhas!
Pastores vivem à sombra da cruz... lobos vivem à sombra de holofotes!
Pastores choram pelas suas ovelhas... lobos fazem suas ovelhas chorar!
Pastores têm fraquezas... lobos são poderosos!
Pastores apaziguam as ovelhas... lobos intrigam as ovelhas!
Pastores são ensináveis... lobos são donos da verdade!
Pastores têm amigos... lobos têm admiradores!
Pastores vivem o que pregam... lobos pregam o que não vivem!
Pastores vivem de salários... lobos enriquecem!
Pastores ensinam com a vida... lobos pretendem ensinar com discursos!
Pastores sabem orar no secreto... lobos só oram em público!
Pastores vão para o púlpito... lobos vão para o palco!
Pastores se interessam pelo crescimento das ovelhas...lobos se interessam pelo crescimento das ofertas!
Pastores apontam para Cristo... lobos apontam para a instituição!
Pastores sujam os pés nas estradas... lobos vivem em palácios e templos!
Pastores buscam a discrição... lobos se autopromovem!
Pastores usam as Escrituras como texto... lobos usam as Escrituras como pretexto!
Pastores confessam seus pecados... lobos expõem o pecado dos outros!
Pastores tem dons e talentos... lobos tem cargos e títulos!"

A Reforma não é uma opção, mas uma necessidade - Por Rev. Hernandes Dias Lopes



A Reforma não é uma caiação da velha estrutura religiosa, nem uma pele bronzeada para cobrir o esqueleto doente de uma teologia herege. A Reforma não é uma mudança epidérmica motivada apenas pela busca do novo. A Reforma é uma volta às Escrituras, um retorno à doutrina dos apóstolos, um compromisso inalienável com a verdade divina. Vamos, aqui abordar três áreas na vida da igreja contemporânea que precisam de Reforma profunda, urgente e bíblica:1. Precisamos de Reforma na Teologia - A teologia é a base, o alicerce e o fundamento da vida. A ética decorre da teologia e não esta daquela. A teologia determina o comportamento; a doutrina rege a vida. Se a teologia estiver errada, a vida não pode estar certa. A igreja cristã havia se desviado da doutrina dos apóstolos e acrescentado muitos dogmas estranhos e heréticos ao seu arcabouço doutrinário. A Reforma denunciou esses erros, eliminou-os e colocou a igreja de volta nos trilhos da verdade. Hoje, precisamos de uma nova Reforma. Há muitos desvios e muitos acréscimos absolutamente estranhos ao ensino bíblico presentes em algumas igrejas chamadas evangélicas. O liberalismo com sua falsa sapiência duvida da integridade da Escritura e tira dela as porções que lhe incomodam ou interpreta à revelia as partes que lhe convém. Se o liberalismo tira da Escritura o que nela está, o misticismo acrescenta à ela o que nela não está. As igrejas cristãs estão eivadas de práticas que beiram ao paganismo. Estamos vivendo uma geração que está sacrificando a razão, que está promovendo o antiintelectualismo. Precisamos de uma Reforma não só para nos colocar de volta na vereda da verdade, mas também para mostrar-nos que o conhecimento das Escrituras não é contrário à piedade, mas a sua própria base e essência.2. Precisamos de Reforma na Liturgia - Se a teologia é a base da vida, a liturgia é a manifestação da teologia. Aquilo que cremos, professamos no culto. O culto é a manifestação pública da nossa fé. Uma das razões mais gritantes que evidenciam a necessidade urgente de uma nova Reforma é o esvaziamento da pregação nas igrejas evangélicas. Perdemos a centralidade de Cristo no culto e a primazia da pregação das Escrituras. Estamos nos capitulando à proposta do culto show. Em muitas igrejas o púlpito foi substituído pelo palco, a Bíblia pelo entretenimento e o choro pelo pecado pela encenação glamourosa. As músicas estão se tornando produto de consumo. As letras dessas músicas, com raras exceções, estão cada vez mais vazias de conteúdo bíblico e os cantores gospel cada vez mais populares. Precisamos de liturgia pura, de liturgia que coloque Cristo no centro do culto em lugar do homem no centro. Precisamos de liturgia onde o púlpito não seja governado pelos bancos. Onde a mensagem não seja mercadejada, onde o evangelho não seja diluído para agradar a preferência dos ímpios. Precisamos de uma liturgia que glorifica a Deus, exalte a Cristo, honre ao Espírito Santo, promova o evangelho, edifique os santos e traga quebrantamento aos incoversos.3. Precisamos de Reforma na Vida - A ortodoxia é boa. Ela é a melhor. A ortodoxia é insubstituível, porém, apenas doutrina certa não é suficiente se nós não a colocamos em prática. A ortodoxia morta mata tanto quanto o liberalismo e é tão nociva quanto o misticismo. Precisamos nos acautelar para não cairmos no laço de um intelectualismo vazio e de uma ortodoxia morta. Precisamos de luz na mente e fogo no coração. Precisamos ter cuidado da doutrina e também da vida. Precisamos crer na verdade e viver na verdade. Precisamos de ortodoxia e de piedade. Há muitas igrejas que não pregam heresia, mas também não vivem a verdade que pregam. Há crentes secos como um poste e áridos como um deserto. Precisamos de uma Reforma que nos ponha de volta no caminho de uma vida cheia do Espírito Santo. Que Deus nos ajude a buscarmos essa Reforma da teologia, da liturgia e da vida!


Fonte: [
Ministério Batista Beréia

Encontraram a arca da aliança? - Rodrigo P. Silva



Em julho de 1981, os moradores de Israel foram surpreendidos com uma notícia extraordinária. Moti Éden, um repórter da Rádio Israelense, anunciava em seu programa noturno que dois rabinos haviam encontrado a arca da aliança e que, ele mesmo, era uma testemunha ocular do ocorrido.

O que Éden tinha de fato presenciado foi a escavação clandestina de um grupo de judeus ortodoxos que acreditavam estar a caminho de encontrar o valioso tesouro. Eles criam que um túnel lateral ao muro das lamentações os levaria ao antigo lugar santíssimo do Templo, em baixo do qual estariam escondidas as tábuas da lei e outros artefatos originais. Hoje, o que vemos no local do antigo Templo são as edificações islâmicas do Domo da Rocha e da mesquita de Al Aksa.

O resultado, evidentemente, foi uma reação imediata dos muçulmanos que entraram em luta armada contra militantes judeus, causando a morte de seis estudantes. O quadro só não ficou pior porque o rabino Meir Getz, que liderava as escavações, cedeu a um acordo político, colocando “panos quentes” sobre a questão. Getz morreu em 1995 e um ano depois e o túnel foi parcialmente aberto ao público como atração turística.

A despeito da agitação, nenhuma prova concreta foi apresentada de que a arca tivesse mesmo ali. Mas esta não foi a única vez que alguém pretendeu tê-la encontrado.

  

Pretensos achados


Os etíopes dizem que a verdadeira arca estaria em seu país, numa capela da cidade de Axum. Eles argumentam que ela foi roubada do Templo judeu pelo príncipe Menelik, filho de Salomão e da rainha de Sabá. O curioso é que, com exceção de uns poucos políticos, a ninguém foi permitido ver ou fotografar a arca, o que torna bastante suspeita esta tradição.

Vendyl Jones, provavelmente o mais excêntrico dos descobridores, foi a inspiração para Steven Spielberg criar o personagem Indiana Jones. Com base num obscuro texto encontrado entre os Manuscritos do Mar Morto (o Manuscrito de Cobre), Jones diz ter decifrado o mapa de onde estariam a arca e outros utensílios sagrados do Templo.

Em 1988, ele apresentou uma pequena vasilha de barro cujo conteúdo seria o Shemen Afarshimon, o óleo sagrado dos sacerdotes. Análises químicas posteriores pareceram dar certo crédito à sua descoberta, mas o assunto ainda não está tecnicamente encerrado. Mais tarde, em 1992, Jones mostrou aos jornalistas um pote de cinzas que alegou pertencerem originalmente ao ketoret, o incenso sagrado do Templo. Muitos, é claro, dizem que tudo não passa de um embuste.

Com absoluta segurança ele prometeu que revelaria em agosto deste ano o local exato da arca. Mas até agora nada de concreto foi apresentado e o mérito de Vendyl Jones parece ser apenas o de ter inspirado a criação de um personagem holliwoodiano. [...]



Gunnar Vingren e a "Risada Santa" - Caramuru A. Francisco



Por ocasião do centenário das Assembleias de Deus, muitos voltaram suas atenções para as duas principais obras autobiográficas dos pioneiros Gunnar Vingren e Daniel Berg, que foram especialmente chamados pelo Senhor para dar início, em 1910, à pregação do evangelho pentecostal no Brasil, em Belém do Pará, enquanto que Luiz Francescon foi chamado para dar início a tal pregação na região Sul, dando início à Congregação Cristã no Brasil.

No diário de Gunnar Vingren, que v

iria a ser publicado postumamente por seu filho Ivar Vingren, há algumas referências a episódios em que o pioneiro teria presenciado e até participado de momentos de derramamento do poder do Espírito Santo em que os irmãos teriam “rido no Espírito”, episódios que são tomados, inadvertidamente, por defensores da chamada “risada santa” ou “gargalhada sagrada”, ou, ainda, “unção do riso”, também chamada “riso de Isaque”, para demonstrar que tais manifestações pertencem ao “pentecostalismo clássico” e, portanto, devem ser admitidas pelos crentes pentecostais.

Diante de tal argumentação, entendemos seja importante verificarmos se a referida “risada santa”, que alcançou seu clímax no Movimento Vineyard e que faz parte das chamadas “bênçãos de Toronto”, podem, ou não, ser admitidas como manifestações sobrenaturais provenientes do Espírito Santo por conta de sua presença no início do movimento pentecostal (como se a presença histórica fosse prova de biblicidade, o que, sabemos, não é o caso).

Não resta dúvida de que, no diário do pioneiro Gunnar Vingren, há, sim, refer

ências a manifestações que envolviam “risos” por parte de irmãos em meio a manifestações do poder de Deus. Vejamos alguns trechos, que são tirados da 5ª edição:

“…2 de maio de 1913. Deus estava perto de nós hoje no culto. Durante a oração, o Espírito Santo se manifestou poderosamente. Alguns riam debaixo do poder de Deus, outros falavam em línguas, outros profetizavam, e todos se alegraram imensamente. Nunca vi o poder de Deus derramado com tanta intensidade num culto como hoje na Vila Correia. O Espírito Santo fez, Ele mesmo, através de uma irmã, o convite para os pecadores se converterem. Uma grande multidão se reuniu para ver essa manifestação maravilhosa do poder de Deus. Durante a pregação, as bênçãos de Deus também caíram sobre os crentes! Aleluia!” (p.63)

“…Outro dia tivemos uma gloriosa experiência na casa da irmã Celina. Quando orávamos, o poder de Deus veio sobre nós. Começamos todos a rir, cheios de uma onda de gozo. Depois chegou outro irmão, e começou a alegrar-se conosco. Mas eu fiquei com medo. Não nos devemos alegrar no próprio poder, e sim em Jesus. São admiráveis as

poderosas manifestações de poder que vemos nos nossos cultos…” (p.67) [registrado entre outubro de 14 de dezembro de 1913]

“…O novo ano começou de mandeira gloriosa. Jeus batizou uma jovem irmã com o Espírito Santo. Foi no culto de vigília do Ano-novo. Duas meninas, tomadas pelo poder de Deus, riam e se alegravam tanto que eu tive medo de elas não aguentarem …” [refere-se ao ano de 1915] (p.72).

“…Tivemos um culto hoje cheio de poder de Deus e de muita alegria. Eu ri tanto debaixo do poder do Senhor, que quase perdi todas as forças. O mesmo aconteceu com outros irmãos. No princípio do culto, a irmã Nazaré viu o Céu aberto sobre ela. O teto desapareceu e ela viu uma luz fortíssima sobre a sua cabeça. Era tão forte que ela não podia fitar diretamente aquele luz…” (p.73)

“…Num culto em Malden, quando falava sobre a obra missionária, o poder de Deus veio sobre Vingren tão poderosamente que ele teve de sentar-se um pouco para rir, e depois continuar a pregação…” (p.77)

“…Em outra oportunidade, eu tive de rir o quanto pude sob o poder de Deus e depois chorar muito, enquanto orava para que Deus abençoasse os irmãos no Brasil. Depois do culto, ficamos todos ali, em pé, cheios de júbilo, regozijando-nos na presença do Senhor…” (p.79)

“…Entretanto, Deus continua a Sua própria obra. Na Escola Dominical, um menino recebeu a promessa, e de noite oramos por seis pecadores que aceitaram a Cristo. Num arrabalde, o Espírito Santo desceu sobre uma irmã durante a pregação, e ela começou a falar em novas línguas, enquanto os outros louvavam a Deus e riam muito, debaixo do poder de Deus. Que privilégio assistir a um culto assim, e sentir aquela gloriosa corrente passando por nossa alma! Glória a Deus! Ali cantamos verdadeiramente sobre a salvação…” (p.199) [testemunho referente ao ano de 1930].

Pelo que se pode perceber destes trechos, efetivamente, quando da manifestação do poder do Espírito Santo, ocorria que os crentes rissem e, ao rir, tivessem, por vezes, de parar de até de pregar (como aconteceu com Vingren pelo menos uma vez) para se recomporem e prosseguirem o que estavam a realizar no culto.

Tais manifestações, porém, em muito diferem do que se intitular de “risada santa”, “unção do riso” ou “gargalhada sagrada”, uma das manifestações disseminadas como “bênçãos de Toronto”, por se apresentarem, na década de 1990, na igreja Vineyard, na cidade canadense de Toronto.

Por primeiro, queremos aqui fazer a distinção que muito bem realizou o professor norte-americano John Hannah, do Seminaário Teológico de Dallas, nos Estados Unidos, em sua resenha sobre o livro de John A. Beverly a respeito da “Risada Santa e a Bênção de Toronto”. Diz Hannah:

“… a tensão em risada como uma manifestação da presença do Espírito não é bíblica. Aceitando como correto o que Warren Smith diz em seu “Risada Santa ou Grande Desilusão” (SPC Newsletter [19:2], pp.5,8), a palavra ‘riso’, que não é sinônima de alegria, ocorre quarenta vezes na Bíblia, trinta e quatro vezes no Antigo Testamento e apenas seis em o Novo Testamento. Das quarenta vezes no Antigo Testamento, vinte e quatro se referem a riso de zombaria, não é um fenômeno positivo. Nas dezoito restantes, sete se referem à incredulidade de Abraão e de Sara. Dos onze textos remanescentes do Antigo Testamento, Sal

omão declara que a risada é doida (Ec.2:2), que a tristeza é melhor (Ec.7:3,4), que a risada é para o tolo (Ec.7:6) e uma festa e o vinho é o tempo para ele (Ec.10:19). O mínimo que se pode dizer é que o riso não é uma manifestação de maturidade espiritual no Antigo Testamento. Das várias referências em o Novo Testamento, ele é mencionado no contexto de aviso (Lc.6:21,25 e Tg.4:9). Jesus pronuncia um ai contra o riso em Lc.6:25. Alegria e bem-aventurança nas Escrituras Sagradas não são o mesmo que riso. Aquelas são estados assentados do espírito interior refletido em Cristo; este, um estado superficial, perigoso, indicativo da rendição das faculdades mentais e um estado incontrolado.…” ( Reformation & Revival, v. 6, n.1, inverno 1997, p.160. Disponível em: http://www.biblicalstudies.org.uk/pdf/ref-rev/06-1/6-1_reviews.pdf Acesso em 06 maio 2011) (tradução nossa de texto original em inglês).

Portanto, como afirma John Hannah, não há biblicidade do riso como uma manifestação autônoma do Espírito Santo, nem como comprovação da presença do Espírito Santo no meio de Seu povo.

Em nenhuma das passagens do diário do pioneiro Gunnar Vingren vemos que ele tenha ensinado os crentes a buscar a “risada santa” ou de que esta “risada” tenha sido invocada ou querida, como fazem os seus defensores e fãs inspirados no movimento Vineyard ou na “bênção de Toronto”, como comprova o pastor Paul Gowdy, que foi um dos líderes do movimento, “in verbis”:

“…Minha experiência é de que as manifestações dos dons espirituais de 1 Coríntios 12 eram mais comuns em nossas reuniões antes de Janeiro de 1994 (quando começou a bênção de Toronto) do que durante o período da suposta visitação do Espírito Santo.

No período de 1992-1993 quando orávamos pelas pessoas experimentamos o que chamo de a verdadeira profecia, libertação e graça vindas de nosso Senhor. Depois que se iniciou a bênção de Toronto, os períodos de ministração mudaram, e as únicas orações que ouvíamos eram: “Mais, Senhor”; com gritos de “fogo!”, sacudidelas esquisitas do corpo, e expressões de “oh! uuu! iehh”.…” (O engano de Toronto. Disponível em: http://www.palavradaverdade.com/print2.php?codigo=2632 Acesso em 06 maio 2011)

O que o pioneiro do trabalho das Assembleias de Deus no Brasil faz é, dentro da sua condição de homem de Deus e, portanto, algúem que diz a verdade, o fato de, nos cultos pentecostais de que tomou parte, seja no Brasil, seja na Suécia ou nos Estados Unidos, testemunhar que, em meio à manifestação do Espírito Santo, muitos irmãos, inclusive o próprio Vingren, diante do poder de Deus, terem rido.

É evidente que, em meio à manifestação do Espírito Santo, os servos do Senhor tenha

m a sua sensibilidade aguçada. Somos seres dotados de sensibilidade e, diante da manifestação da glória do Senhor, todos têm reações as mais diversas: uns choram, outros riem, outros se prostram. É neste contexto que vemos tais manifestações. Trata-se de uma reação emocional à presença do Espírito de Deus no meio dos crentes.

Em seu livro resenhado por John Hannah, John A. Beverly, após uma acurada análise das manifestações sobrenaturais ocorridas em Toronto, chegou à conclusão que ali se estava diante de uma “bênção misturada”, porque, submetendo aquelas manifestações à Bíblia Sagrada, pôde ver cinco pontos bíblicos e cinco pontos discrepantes da Bíblia na referida igreja, a saber:


- Pontos bíblicos:

a) trinitarianismo

b) cristocentrismo

c) integridade moral

d) ortodoxia

e) cuidado pelas implicações sociais e espirituais do Evangelho

- Pontos antibíblicos:

a) pureza bíblica

b) a permissão do entendimento de que a espiritualidade tolera o orgulho e a sensação de superioridade espiritual entre os membros do corpo de Cristo

c) intolerância com opiniões diversas

d) componente profético

e) espírito anti-intelectualista

Concordamos com John Hannah quando se põe em dúvida a chamada “ortodoxia” do movimento, se não há pureza bíblica, como também não podemos entender que tenha havido “integridade moral”, máxime diante da confissão do pastor Paulo Gowdy, um dos líderes do movimento, que afirma que

“…Devoramo-nos uns aos outros com fofocas, falando mal pelas costas, com divisões, partidarismo, criticas ferrenhas uns dos outros, etc.…” (O engano de Toronto. Disponível em: http://www.palavradaverdade.com/print2.php?codigo=2632 Acesso em 06 maio 2011).

Diante disto, vemos que o referido movimento da “risada santa” limita-se, em sua “boa parte”, a um crença na Trindade, no cristocentrismo e na consciência da dimensão social e espiritual do Evangelho, o que, convenhamos, é muito pouco para dizer que tal manifestação tem base bíblica e se sustenta diante de uma análise aguçada.

Mas o mais importante é que, diante deste quadro, vemos que tal movimento nada tem que ver com as manifestações registradas por Gunnar Vingren.

Em todas as vezes em que o pioneiro fala sobre risos debaixo do poder de Deus, está a indicar, tão somente, manifestações emocionais diante da manifestação do Espírito Santo, manifestações absolutamente individuais e não queridas, invocadas ou desejadas pelos crentes e, o que é mais importante, que não desviaram, em momento algum, o foco da pregação do Evangelho, da salvação de almas e do revestimento de poder.

Ao contrário do que ocorre no “movimento de Toronto”, onde, segundo Beverly e Hannah, a liturgia destina quase 3 horas para tais manifestações e de 30 minutos a 1 hora para a pregação da Palavra, os irmãos mencionados por Vingren riam, choravam, mas nem por isso se deixava de lado a pregação da Palavra, o apelo para a salvação das almas ou a edificação da igreja por meio de profecias e de batismos com o Espírito Santo.

No primeiro caso mencionado por Vingren, o Espírito Santo fez o apelo através de uma irmã e houve salvação de almas, a demonstrar que os risos eram manifestações emocionais e individuais decorrentes da presença de Deus.

Tanto assim é que, em outra ocasião, quando o riso dos irmãos não se fez acompanhar de nenhuma outra manifestação que demonstrasse o foco da Igreja na salvação e edificação de vidas, o próprio pioneiro ficou com medo, entendendo que não se devia apenas ficar na emoção decorrente da presença de Deus e gerar uma autoestima por causa da presença do poder de Deus, mas se voltar única e inteiramente a Cristo Jesus, algo bem diferente do que ocorreu em Toronto, como nos afirma Paul Gowdy, “in verbis”:

“…Depois de três anos “inundados” orando por pessoas, sacudindo-nos, rolando no chão, rindo, rugindo, rosnando, latindo, ministrando na igreja Internacional do Aeroporto de Toronto, fazendo parte de sua equipe de oração, liderando o louvor e a adoração naquele local, praticamente vivendo ali, tornamo-nos os mais carnais, imaturos, e os crentes mais enganados que conheci.(…) Estou convencido de que os líderes das igrejas Vineyard são pessoas sérias que experimentaram um novo nascimento, amam o Senhor, mas caíram no laço do engano. Não amou o Senhor o suficiente para guardar os seus mandamentos. Fracassaram por não obedecer as escrituras e se desviaram porque anelavam algo maior e grandioso, mais empolgante e dinâmico. Eu também cometi este pecado.(…) Hoje, olhando pra trás fico me perguntando como fiquei tão cego assim? Eu via as pessoas imitando cachorros, fazendo de conta que urinavam nas colunas da Igreja do Aeroporto. Observava as pessoas agirem como animais latindo, rugindo, cacarejando, fazendo de contas que voavam, como se asas tivessem, comportando-se como bêbados, entoando cânticos “sem pé nem cabeça”, isto é, sem sentido algum. Hoje fico perplexo em pensar que eu aceitava tais coisas como manifestações do Espírito Santo. Era algo irreverente e blasfemo ao Espírito Santo da Bíblia.(…) Creio que somos como a igreja de Laodicéia; pensamos que somos ricos, prósperos e sem necessidade alguma, e, no entanto não percebemos que estamos cegos e nus. Precisamos levar a sério o conselho de Jesus comprando ouro refinado no fogo (que fala do sofrimento e não de espíritos enganadores), vestiduras brancas para cobrir nossa nudez e colírio para os olhos para poder ver outra vez. …” (O engano de Toronto, end.cit.).

Notamos, pois, que, ao contrário das pessoas de Toronto, Gunnar Vingren, ao se deparar com um culto onde houve risos e não houve salvação de almas ou manifestação de alguns dons espirituais, imediatamente percebeu que poderia ser enganado e tratou de não mais permitir apenas a exclusividade desta emoção.

Daí porque, a partir de então, sempre vemos o registro da presença de risos mas como manifestações que não perturbaram seja a pregação do Evangelho, seja a manifestação dos dons espirituais.

Pelo que podemos observar, pois, é que, embora seja fato que tanto Gunnar Vingren quanto muitos irmãos, no início da obra pentecostal das Assembleias de Deus, tenham rido debaixo do poder de Deus, este riso nada mais é que a reação emocional diante da presença do Espírito Santo, tanto quanto o choro, não havendo, pois, qualquer dom espiritual específico ou qualquer manifestação a ser pedida coletivamente ou que indique uma “superioridade espiritual”.

Muito pelo contrário, Vingren, em certa ocasião, ao notar que esta manifestação tinha tomado o centro das atenções, tratou logo de impedir que ela virasse o centro das atenções.

Destarte, não há qualquer fundamento em se dizer que Gunnar Vingren ou que o movimento pentecostal clássico adotou a “risada santa” como manifestação sobrenatural válida e bíblica, nada tendo que ver os registros de tal reação emocional à presença do Espírito Santo com uma das “bênçãos de Toronto” que, como afirma Paulo Gowdy:

“…Durante alguns anos falei da experiência de Toronto como uma bênção misturada. Penso que James A. Beverly o chamou assim em seu livro “Risada Santa” e a “Bênção de Toronto 1994”. Hoje diria que foi uma mistura de maldição, concluindo que qualquer coisa boa que alguém recebeu através desta experiência pessoal é enormemente ultrapassada pela gravidade do mal e do engano satânico. Aqui residia meu grande dilema.(…) Não quero correr o risco de admitir que a bênção de Toronto era de Deus ou de Satanás, mas creio que Satanás usou esta experiência para cegar as pessoas sobre as doutrinas históricas de Deus, em que o fruto cresce ao lado de uma vida de arrependimento, pois as pessoas não puseram a prova aquelas manifestações para saber se eram mesmo de Deus ou de espíritos enganadores, e não testaram para saber se as profecias eram mesmo de Deus.(…) Quando começamos a suspeitar de que os demônios estavam à vontade em nossos cultos, John Arnot ensinava que devíamos nos perguntar se eles estavam chegando ou saindo. Se estiver saindo deles, está bem! John defendia o caos afirmando que não devíamos ter medo de sermos enganados, pois se havíamos pedido ao Espírito Santo para nos encher; como Satanás poderia nos enganar?Isto deixaria o diabo muito forte e Deus muito fraco. Ele afirmava que precisávamos ter mais fé num grande Deus que nos protegia do que num grande diabo que nos enganaria. Tais palavras eram convincentes, mas totalmente contrárias as escrituras, pois Jesus, Paulo, Pedro e João alertaram-nos sobre o poder dos espíritos enganadores, especialmente nos últimos dias. Mesmo assim, não devotamos amor a Deus para lhe obedecer a palavra e, como consequência, abrimo-nos a ação de espíritos mentirosos. Que Deus tenha misericórdia de nós!…” (O engano de Toronto, end.cit.).

A “risada santa” nada mais é que atuação de espíritos enganadores e que levam muitos, atualmente, à apostasia (I Tm.4:1), nada tendo que ver com os risos decorrentes de pura e genuína manifestação do Espírito Santo nos primeiros anos do movimento pentecostal, risos que são reações emocionais individuais, não queridas e não desejadas e que jamais tomaram o foco da vida espiritual da Igreja.

Não confundamos, pois, “alhos com bugalhos” e estejamos atentos, pois a vinda do Senhor se aproxima. Amém!

* Caramuru Afonso Francisco é evangelista da Igreja Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede e colaborador do Portal Escola Dominical (www.portalebd.org.br).

 

A terrível Páscoa de Jesus - Joachim Gnilka



A terrível Páscoa de Jesus

Nas vésperas da Páscoa do ano de 786 do antigo calendário romano, se é que é válida tal precisão de data, no mês de Nisã dos hebreus, ocorreu uma crucificação de três homens do lado de fora dos muros da cidade de Jerusalém. Dois deles eram ladrões, o outro tratava-se de um pregador, um rabi chamado Jesus, que se dizia um filho de Deus. Alguém que viera anunciar o Reino dos Céus. O cenário daquela terrível execução de que ele foi vítima iria, bem depois ao longo da história, com o Ocidente inteiro convertido à fé de Cristo, ser infinitas vezes reproduzido por seus seguidores por todos os meios possíveis: em livros, telas, murais, vitrais, esculturas, autos teatrais, representações públicas de ruas e em filmes, fazendo com que a humanidade sofredora se identificasse com o martírio dele.

O suplício da cruz 

"Nenhuma culpa encontro nele. É costume entre vós que eu solte um preso, na Páscoa. Quereis que vos solte o rei dos judeus? Estes não gritaram de novo, clamando: Esse não, mas Barrabás!" -- Pilatos ao povo (João 18)

Supõe-se que Jesus Cristo não tenha resistido muito tempo ao suplício da cruz, que Cícero definira como "a mais cruel e a mais terrível pena de morte". Estimou-se que um homem forte era capaz de suportá-lo por uns três dias no máximo. O nazareno entregou-se depois de três horas, ou um pouco mais. E não poderia ser diferente para quem levara uma vida praticando jejuns, alimentando-se episodicamente e ainda, antes de ser exposto, teve o corpo violentamente ofendido pelos açoites. Parece ter sido fantasia dos gravuristas e pintores terem-no desenhado, pelos séculos seguintes, preso a uma cruz bem alta, como se seu corpo fosse uma bandeira ensangüentada hasteada nos altos de um mastro. Ao contrário, a vitima era estaqueada pelos carrascos bem próxima do chão. Para que suas mãos presas com cravos não se rasgassem com o peso do corpo, fixavam uma corda que o enlaçava a partir do ilíaco ou apoiavam os seus pés num sedile, a pequena tábua afixada na parte baixa da cruz. A morte do condenado, como já se disse, era horrível, anunciando-se por gritos pavorosos de dor e gemidos lancinantes, entremeada de apelos desesperados para que o matassem de vez. Jesus fora pregado numa crux immissa (em forma de cruz) às 8 horas da manhã ou ao meio-dia de uma sexta-feira. Seja o que for, à tarde seguramente já estava morto. No alto da haste haviam colocado um cartaz: "Rei dos Judeus", escrito em três línguas (grego, latim e aramaico). Era uma ironia maldosa dos romanos, pois o executaram junto com dois delinqüentes. 

De Herodes a Pilatos 





Pensavam estar livrando-se de um problema, porque durante um bom tempo ninguém sabia o que fazer com aquele homem da Galiléia. Os sacerdotes do templo de Jerusalém, como Caifás, consideravam-no um herético, alguém que estava jogando o povo local contra a tradição e o Sinédrio (o Grande Tribunal, autoridade máxima judicial com 70 membros). Os fariseus e os zelotes viam-no como um divisionista que ao invés de somar-se a eles no repúidio aos romanos, minimizara a ocupação da Palestina com a promessa da chegada de um novo reino, o Reino dos Céus. Para o procurador (praefectus) Pôncio Pilatos, governador romano da região, o nazareno, em quem não via culpa alguma, era apenas uma dor de cabeça a mais no trato com aquele povo metido em confusões e querelas intermináveis. Enviara-o preso para Herodes Antipas, o tetrarca de Israel, um monarca colaboracionista, que o devolvera sem saber o que exatamente fazer com ele. Matá-lo por dizer-se o Messias?

O Messias




Havia entre os judeus, povo quase sempre submetido às crueldades do destino, uma crença muito forte de que um dia lhes viria dos céus um Messias, um Salvador, para livrá-los das desgraças. Assim, não raro, aparecia alguém, um iluminado, dizendo-se ser um desses enviados de Deus. O próprio Jesus alertou o seu povo em razão da abundância desses falsos profetas e charlatães que se diziam os verdadeiros messias.
Quantos deles não apareciam pelas ruas de Jerusalém julgando-se isso? O único tumulto em que Jesus se envolvera dera-se quando ele, o mais pacífico dos homens, deixou-se assaltar pela fúria ao deparar-se com os "vendilhões do Templo", aquela massa de cambistas, ambulantes e vendedores de pombas, que ofertavam de tudo nas proximidades do edifício santo dos judeus. Nada mais impressionante do que isso. 

Pôncio Pilatos 



Pôncio Pilatos, na época do processo contra Jesus, já estava na região há algum tempo, uns cinco ou seis anos (teria assumido no ano 26 ), mas continuava sem entender as intermináveis dissensões dos hebreus em torno da religião. As nuanças e sutilezas das discussões acaloradas dos rabinos e dos sumos sacerdotes eram-lhe absolutamente estranhas. Quem o indicara para o cargo de procurador da Palestina foi Sejano, um favorito de Tibério. O Imperador, por sua vez, enojado das intrigas políticas de Roma, retira-se no ano de 27 para a maravilhosa ilha de Capri, nas proximidades de Nápoles, a fim de levar uma vida dos deuses, dado inteiramente aos prazeres. Quem algum dia poderia supor que enquanto Tibério se banhava com seus garotos, que ele chamava de "meus peixinhos" , na imensa piscina tépida da sua mansão, o crime que cometiam em seu nome nas longínquas terras da Judéia contra um pregador desconhecido iria um dia abalar o poder de Roma? 

A sentença de Pilatos 



"Subirás à cruz" disse Pilatos a Jesus. Até hoje, lembra o historiador J.Gnilka, não se sabe se a sentença que condenou Jesus resultou dele ter cometido o perduellio (grave prejuízo cometido contra a pátria) ou o crimen maiestatis populi romani imminutae (ter provocado algum dano ao prestígio do povo romano). Seja o que for, Pilatos informou a todos que em vista do costume estava disposto a dar-lhe a venia, a suspensão da sentença, devido à aproximação da Páscoa. Quando a intenção dele chegou aos ouvidos da multidão que estava do lado de fora no paço do tribunal de justiça, as vozes em uníssono clamaram em favor de Barrabás, possivelmente um bandido, rejeitando a oferta do romano de indultar o nazareno. Pilatos então, lavando as mãos, deixou a sentença correr. Jesus foi previamente submetido ao horribilile flagellum, a levar um incontável número de chibatadas nas costas.

A morte de Jesus




Provavelmente já passavam das 3 horas da tarde daquele sexta-feira fatídica, quando um guarda enfiou sua lança no abdômen de Jesus para ver se ele já havia morrido. O líquido que escorreu, um pouco de sangue e água, confirmou-lhe que o homem ali estendido já entregara a alma aos céus. José de Arimatéia (Ha-ramathain), um respeitável homem de algumas posses, reclamou o corpo junto às autoridades e como já estavam em vésperas do shabbath, os romanos consentiram que ele desse o fim apropriado ao cadáver. O local das execuções era tétrico, até o nome Gólgota (caveira em hebraico, calvarius em latim), que descrevia o aspecto descarnado do monte onde expunham os supliciados, contribuía para aumentar a desolação do quadro. 

O sepulcro 



Arimatéia, impedido pelo tempo de inumar adequadamente a Jesus, foi auxiliado por Nicodemos. Ambos carregaram o pobre morto para um jardim próximo onde colocaram-no num sepulcro. Um enterro decente só poderia ser-lhe providenciado no domingo, pois no sábado judaico nada se faz, em nada se mexe. Logo que o depositaram em lugar apropriado, protegeram o corpo de Jesus com um sudário e umas faixas de linho aromatizadas. Ao sair daquela tumba improvisada bloquearam a entrada com uma enorme pedra e foram juntar-se aos seus para celebrar o shabbath

Maria Madalena é surpreendida 




Na madrugada de domingo, no dia da Páscoa, querendo adiantar-se a todos, talvez com a intenção de renovar os aromas do morto, Maria Madalena, uma das seguidoras, ao chegar ao sepulcro encontrou a rocha afastada. Espantou-se. O interior estava vazio, sendo que as tiras e o sudário que o tinham envolvido estavam postas num canto. Quando estava em prantos, lamentando o desaparecido, imaginando que haviam roubado o corpo, uma voz se lhe apresentou: era Jesus! Disse-lhe que ainda não havia subido ao reino dos céus. À tarde, mostrando suas mãos perfuradas, ele apareceu pessoalmente aos discípulos. Ressuscitara (João, 20-21). Repetia-se na Palestina o assombroso destino de Osíris, o deus egípcio morto que retornara à vida. O nazareno, pensaram seus seguidores, negara-se a morrer, vencera a rotina imposta aos homens. Dali em diante estaria sempre com eles. Enquanto isso em Capri, o imperador Tibério preparava-se para mais um banho, sem que ninguém o alertasse para o que ocorria naquela estranha e inusitada Páscoa. E assim teve início a história póstuma de Jesus Cristo e do Cristianismo.

Bibliografia 

·  Crossan, John Dominic - El Jesus historico: la vida de un campesino judio del Mediterraneo (Planeta, B.Aires, 1994)
·  Donini, Ambrosio - História do Cristianismo (Edições 70, Lisboa, 1980)
·  Gnilka, Joachim - Jesus de Nazaré, mensagem e história (Vozes, Petrópolis, 2000)
·  Jaspers, Karl - Los grandes filósofos, I, los hombres decisivos (Sur.B.Aires, 1971)
·  Renan, Ernest - Vida de Jesus (Lello, Lisboa,1961)
·  Rops, H.Daniel- A Igreja dos apóstolos e dos mártires (Quadrante, S.Paulo, 1988)
·  Rops, H.Daniel - A vida quotidiana na Palestina no tempo de Jesus (Livros do Brasil, Lisboa, s/d)




O livro do historiador alemão Joachim Gnilka (Vozes, Petrópolis, 312 páginas) é um do mais recente esforços para apresentar uma síntese da vida e do ensinamentos de Jesus obedecendo a moderna tendência de humanizar a imagem de Cristo.

 

OURO OU FERRO? - Por: Romildo Silva

“Farei que os homens sejam mais raros
do que o ouro puro, sim mais raros do
que o ouro fino de Orfir. (Isaias 13:12).”


O homem natural pode ser comparado ao ferro, que aparenta força, resistência, durabilidade e imunidade às altas temperaturas. Porém, sabemos que o ferro é um material limitado em sua composição em função do tempo, pois sofre desgastes, sendo corroído pela ferrugem. Assim, como se não bastasse, ainda há o agravante de ser atraído por imãs, o que, dependendo do magnetismo, o fixa fortemente.
Podemos comparar o imã ao pecado, cuja propriedade atrativa e o poder de adesão são deveras semelhantes.
No entanto, há um metal nobre na natureza que não oxida nem sofre corrosões. Quanto mais alta a temperatura a que é exposto, mais puro e nobre se torna. É muito duradouro, resistente e não sofre a atração magnética do imã. Esse material é o ouro.
O homem espiritual, aquele que é nascido de Deus, também é submetido às provas duríssimas ao longo de sua caminhada cristã. Mas, quanto mais provado, maior será sua resistência, obediência, fidelidade e perseverança. Não devemos nos esquecer, entretanto que, enquanto estamos neste mundo, vivemos uma luta interior entre a nova e a velha natureza, que opõe – se uma a outra.
Há em nós duas naturezas, uma face de ferro e outra de ouro. Ao sermos tentados pelo pecado, devemos oferecer nossa face dourada, que, ao resistir ao magnetismo, vai aos poucos transformando o ferro em ouro, até sermos integralmente áureos.
Deixe o Senhor Jesus Cristo, nosso ourives por excelência, adicionar mais ouro em sua vida. Assim sua vida será mais brilhante, valorosa poderosa e resistente. O imã fatalmente será queimado pelo fogo, desgastando-se para sempre. Use a oração, a arma mais poderosa do cristão, combatendo todo o mal. Vença as paixões da carne pelo poder do Espírito Santo. Deus o encherá de alegria, cobrindo-o com Sua misericórdia, e lhe dará, por fim, a vitória
ARTIGO
Por: Romildo Silva

 


A ASSEMBLÉIA DE DEUS E A MATRIZ PENTECOSTAL BRASILEIRA - ENTREVISTA COM O SOCIÓLOGO GEDEON ALENCAR

Entrevista concedida a Gutierres Siqueira do site Teologia Pentecostal
Gedeon Freire de Alencar é presbítero da Igreja Assembléia de Deus Betesda em São Paulo, mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista, diretor pedagógico do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos (ICEC). É membro da Associação Brasileira de História da Religião, Associação de Professores de Missões do Brasil e da Rede de Teólogos e Cientistas Sociais do Pentecostalismo na América Latina e Caribe.
Alencar escreveu o livro de cunho sociológico Protestantismo Tupiniquim: Hipóteses Sobre a (não) Contribuição Evangélica à Cultura Brasileira (Arte Editorial). No ano 2000, em seu mestrado na Universidade Metodista defendeu a dissertação: Todo poder aos pastores, todo trabalho ao povo, e todo louvor a Deus. Assembléia de Deus: origem, implantação e militância (1911-1946). Nessa dissertação faz uma interessante análise da história assembleiana em sua primeira fase no Brasil.
Teologia Pentecostal: Qual a importância da Assembléia de Deus para o pentecostalismo do século XXI? Essa denominação ainda consegue influenciar as tendências pentecostais no Brasil?
Gedeon Alencar: A AD é o elemento principal do que eu chamado de “matriz pentecostal brasileira" (aliás, isto é base de meu projeto de doutorado que não consegui, por diversas razões, levar adiante).
As duas primeiras igrejas pentecostais são AD e CCB. A Congregação, nas primeiras quatro décadas fundamentais para sua formação, é uma igreja étnica- isso não é dito com mérito ou demérito. Além de ser ultra calvinista (talvez mais que o próprio Calvino): se tornou uma igreja fechada. Note: não estou afirmando que isto é bom ou ruim; estou fazendo uma constatação histórica. Hoje ela é bem parecida com o que era há anos atrás. Não mudou quase nada do seu modelo original. Isso implica que, por seu isolamento social, não teve influencia na formulação do pentecostalismo brasileiro, e muito menos, na produção cultural do país.
Já a AD desde cedo se "abrasileirou", apesar da liderança sueca. Desde os primeiros anos a liderança assembleiana foi tomada (e tomada mesmo...) por nordestinos. A convenção de 30, a primeira, é convocada por líderes nordestinos contra a vontade dos suecos. Não estou inventando nem interpretando, basta ler os registros no Jornal a Boa Semente publicados nos anos mais "quentes" de 28 a 30.
A AD posteriormente, brasileira, nordestina, pobre, simples, periférica, sem dinheiro e ligação com o exterior, que em vinte anos (não com muito dinheiro, TV e política na mão) alcança o Brasil - é uma igreja brasileira, feita por brasileiros, e para brasileiros!
Uma ultima coisa: todos os demais movimentos, denominações e instituições que se "pentecostalizaram" ou se "renovaram" têm, ou tiveram, alguma influencia do pentecostalismo assembleiano. O costume da saudação da "paz do Senhor", o hinário, o modelo patrimonialista, usos e costumes, a ênfase evangelística, a dinâmica e participação do povo, etc., todas estas questões estão presentes em todos os movimentos pentecostais, por mais independentes que sejam, e são originados da "matriz pentecostal assembleiana". A AD é que nunca conseguiu capitalizar em cima disso.
Em sua dissertação sobre a Assembléia de Deus, o senhor destaca um papel forte da missionária Frida Vingren, esposa do co-fundador Gunnar Vingren, nas importantes decisões eclesiásticas da nascente denominação. Frida Vingren, como mulher, poderia ser classificada com um fenômeno inédito no cenário evangélico brasileiro?
Frida Vingren é, a meu ver, a maior heroína assembleiana e, ao mesmo tempo, a maior injustiçada da história assembleiana. Só se fala em Gunnar Vingren e Daniel Berg - típico de uma historiografia machista. Em 1917, ela sai sozinha e solteira da Suécia, passa nos EUA e vem ao Brasil para casar com Vingren. Aqui canta, ora, prega, escreve mais de 80% do jornal (Boa Semente), faz culto nos presídios, na Central do Brasil, escreve música e poesia, organiza a Harpa, escreve Atas, enfim, dirige a igreja! Seu marido desde o primeiro mês no Brasil é um home doente de malária, é ela quem carrega o piano! É exatamente por isso que ela tem muitos inimigos - desde os cabras machos nordestinos que não querem ser liderados por uma mulher ao seu contemporâneo Samuel Nystron que é contra a liderança feminina. No livro " História da Convenção", publicado pela CPAD, o jornalista Silas Daniel, resgata algumas cartas nada amistosas que Nystron e Gunnar trocaram.
Não é inédito porque a religião, não somente o pentecostalismo brasileiro, sempre teve grandes mulheres, mas como sempre marginalizadas. Ainda hoje é assim. Tem uma tese na PUC sobre as mulheres que pentecostais que o titulo diz tudo; "O silencio que deve ser ouvido". E um trabalho de missiologia da Laura de Aragão, no CEM, é outro primor: "Escolhidas por Deus, rejeitadas pelos homens"
Gunnar Vingren não viveu muito para ver o desenrolar de sua obra missionária. Na sua dissertação o senhor especula que a Assembléia de Deus talvez poderia ter tomado "outro rumo" com os Vingren por mais tempo na denominação. Qual seria esse "outro rumo"?
Amigo, eu sou sociólogo, não vidente...
Gunnar Vingren era formado em teologia pelo Seminário Teológico Sueco de Chicago, era a favor da mulher no ministério - sua mulher é a prova disso. Na década de 20, no RJ, consagra mulher ao diaconato. E em sua época, as mulheres participavam, não apenas ouvindo, mas falando e dando palpites nas reuniões da igreja. Em todas as fotos oficiais de convenção tem mulheres. Registra em seu diário que pregou na Congregação Cristã. E também nessa época tinha manifestações de "risos no Espírito" de forma que não podia continuar pregando - se isto tudo é erro ou acerto, isso não é problema meu. Mais uma vez um aviso: não estou inventando nem interpretando. Tudo está registrado em seu livro "Diário de um pioneiro" e no Jornal Boa Semente. Gunnar não era (como os demais suecos e toda a liderança assembleiana), contra o ensino teológico e formação em seminários teológicos; era a favor da mulher no ministério; era bem aberto as demais igrejas de sua época; e tinha um pentecostalismo bem "original".
Ficou poucos anos da liderança, ademais era um homem doente, como ele mesmo diz "a igreja estar bem liderada por minha mulher e os obreiros", quem liderava efetivamente era Frida. Levou um golpe da liderança nordestina da época em 1930, foi embora, e morreu logo em seguida. É laureado como herói atualmente, mas em vida foi voto vencido em todos seus projetos. A AD dirigida por Gunnar Vingren seria bem diferente da que se formou. Melhor ou pior? Não tenho a mínima idéia, mas diferente com certeza.
Por que a Assembléia de Deus adotou um discurso tão ultra-conservador nos usos e costumes? A origem marginalizada "sueca- nordestina" seria uma explicação satisfatória?
O "ethos sueco-nordestino" que Paul Freston desenvolve em sua tese, e eu repito na minha (o Freston foi meu orientador e depois participou da banca de minha defesa de mestrado), é uma das melhores explicações para isto, mas não é a única.
Não precisa recorrer a décadas de história, basta ver o presente. Onde e quais as igrejas (sejam ADs ou quaisquer outras) são conservadoras em usos e costumes? Apenas - veja, apenas - nas regiões pobres e mais periféricas. Igrejas em processo de "aburguesamento", de classe média para cima não conseguem - ou não querem - ser conservadoras. Mesmo as ADs que falam tanto em "preservar a doutrina", mas se preserva a "doutrina" apenas para os pobres e das igrejas nas periferias. Igrejas sedes e de classe média não tem "doutrina" que as segure. Portanto, neste processo a AD não estar sozinha; isso acontece, e aconteceu, com todas as demais igrejas. Mesmo que alguns queiram ligar o fato de "uso e costumes" a ação do Espírito Santo, lamento, mas isso diz respeito as questões econômicas.
Estudiosos como Bernardo Campos, Paul Freston e Robinson Cavalcanti defendem a tese que existe uma "pentecostalização" das igrejas históricas e uma "historização" das igrejas pentecostais clássicas ou de primeira onda. Quais são as implicações desse fenômeno para o mundo protestante?
Sim, isto é visível. O pentecostalismo, no Brasil, vai fazer cem anos, portanto, tem história. "Historizou-se". O fenômeno religioso é dinâmico e, para mal ou bem, cíclico. Práticas religiosas que eram "pentecostais" anos passados ou décadas, se tradicionalizam. Ademais, se fala em pentecostalismo com fenômeno típico do século XX, mas muito disso já aconteceu em séculos passados nos Avivamentos, nos Movimentos de Santidade, na história de "santos" ou "hereges" medievais.
O mundo protestante vai sempre se "renovar" e/ou se "tradicionalizar" a despeito de todos.
Como sociólogo, quais aspectos do pentecostalismo ainda faltam ser explorados pelos estudos sociais, especialmente pela Ciência da Religião?
Temos muitos trabalhos hoje sobre o fenômeno pentecostal na atualidade, mas ainda falta uma delimitação da “matriz pentecostal" (daí meu projeto de doutorado). Agora o universo pentecostal hoje é tão amplo, plural, pitoresco e cheio de novidades que sempre haverá alguma coisa a ser explorada. Como brinco em sala de aula: O fenômeno religioso é tão original, que de tédio a gente não morre!
Como conhecedor do pentecostalismo latino, quais são as principais diferenças entres os pentecostais brasileiros e os demais carismáticos desse subcontinente?
Vou indicar apenas duas singularidades do pentecostalismo brasileiro. Em um congresso de sociologia na Costa Rica, tomei um susto quando conheci um pastor assembleiano peruano, um dos mais importantes, que era também o principal líder ecumênico em seu país. Assembleiano ecumênico é escasso no Brasil, mas não América Latina.
A AD, na América Latina, foi fundada e financiada pela AD nos EUA (diferente da AD no Brasil de origem sueca), portanto, a AD latina de fala espanhola é congregacional, como é a AD americana. Qual a AD brasileira é, estritamente falando, congregacional? Eu, particularmente, não conheço nenhuma.



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