Hoje eu vim aqui conversar sobre a nossa relação com a nossa mãe, próximo
domingo a gente tem o dia das mães, embora seja um dia comercial, é um dia que
a gente também pode refletir sobre a nossa relação com a nossa mãe.
Infelizmente eu perdi minha mãe em 2014, e sei como é extremamente
importante na nossa vida ter um bom relacionamento com a nossa mãe, isso tem um
reflexo muito grande nos nossos comportamentos, nas nossas escolhas, nas nossas
decisões, na nossa maneira de lidar com as nossas condições.
É um assunto que você deve ler até o final do texto, porque eu tenho
certeza que vai clarear algumas ideias para você, esclarecer dúvidas que você
possa ter com relação a sua vida e que pode vir dessa relação com sua mãe.
A primeira coisa que a gente tem que ter em mente é a nossa relação com a
nossa mãe, que se iniciou lá no útero, porque lá começou tudo, a gente estava
sentindo o que ela sentia, criamos essa simpatia com a nossa mãe de forma muito
grande quando a gente estava ali no útero.
Vários são os estudos que demonstram alguns efeitos dessa nossa relação
desde o útero, com reflexos na nossa vida adulta, então tudo que nossa mãe
sentiu e fez, a gente sentiu no útero e isso interferiu na nossa formação de modo
geral, existem vários estudos que sustenta essa ideia, principalmente na linha
da psicanálise como da Dra. Laura Gutman [terapeuta especializada em
maternidade] que é uma autora renomada nesse tema, é o que os especialistas chamam
de fusão emocional, que acontece até os nossos três anos, que segundo diz, tudo
que a nossa mãe sentia a gente também sentia, mais ou menos o mesmo que ocorria
ali no útero, mas já aqui do lado de fora, então existe uma interferência muito
grande sobre a nossa vida nesse período, na verdade a gente tem uma
inteligência emocional muito grande herdada da nossa mãe. Você mãe que tem
filho já deve ter percebido que nesses primeiros anos, que quando você fica estressada
ou agitada o seu filho também acaba ficando mais estressado e agitado, chorando
mais, isso ocorre porque ele literalmente está sentindo o que você está
sentindo, eu sei que isso pode parecer estranho, mas conforme já mencionado,
existem pesquisas sérias a este respeito.
O fato é que o sentimento da mãe tem
um peso grande sobre nós, porque a gente simplesmente carregamos a culpa de
nossa mãe, a gente se sente culpado, e de um modo geral a gente acaba
carregando ao longo da vida, medo, angústias, inseguranças, e muitas coisas que
a gente sentiu lá atrás na infância e que acabou entendendo esse sentimento como
nosso, e isso ao longo da vida a gente vem trazendo conosco, até o dia que a
gente vai se conhecer de verdade, e vai aprender a separar o que é dessa fusão
emocional, que a gente carrega até hoje e que já não serve mais pra nós.
Mas pretendo passar ao final do texto um exercício para vocês mães, para
fazer oportunamente, e que acredito que possa ajudar vocês a criarem uma
empatia mais saudável com o teu filho.
Voltando aqui a questão da nossa relação com a nossa mãe, quando a gente,
por exemplo, tem uma mãe que é um pouco mais ausente isso reflete na nossa sensação de segurança, e entenda por
ausente não só aquelas mães que trabalham muito e fica muito tempo fora, mas às
vezes aquela mãe que disse para você que iria sair por 5 minutos e na verdade
ela ficou muitas horas fora ou estando de corpo presente, foi incapaz de lhe dar
atenção e você se sentiu naturalmente abandonado.
E
esse abandono gera também na nossa vida alguns traumas, que em matéria de psicologia
se chama de “desamparo aprendido”, e a gente pode se sentir desamparado e
carregar isso ao longo da nossa vida. E você, muitas vezes se sente desamparado
na vida, se sente desprotegido, se sente inseguro. E isso pode vir da relação que
você teve com a sua mãe, e quantos filhos que entram para o mundo das drogas
por causa de carência? E te asseguro que não tem recuperação ou tratamento que
cure o dependente químico, a não ser que o individuo libere o perdão para sua
mãe. Isso é para você ver como é importante a gente trabalhar a nossa relação
com a nossa mãe, a terapia pode ajudar, a reflexão, a meditação, porém entendo
que a oração e a leitura da Bíblia, é de fundamental importância para que a
gente possa entender e praticar uma vida saudável, porque é fato que existe
essa fusão emocional entre nós e nossa mãe.
E por
muitos anos a gente pode carregar essa fusão, então quero propor para você um
exercício simples, o primeiro passo é se questionar: Como é que eu me sinto com
relação à vida? O que pode estar me trazendo alguma insegurança? Será que eu me
sinto desamparado? Desprotegido? Eu sinto que preciso fazer muito esforço para
que as coisas possam acontecer? Qual a dificuldade que eu tenho hoje na minha
vida de me sentir seguro? De me sentir amparado? E como é a minha relação com a
minha mãe? Quando eu vejo minha mãe como eu me sinto? Eu me sinto amparado pela
minha mãe? Eu me sinto protegido pela minha mãe? Ou me sinto desamparado? Eu me
sentia sozinho quando criança?
E eu
quero deixar claro aqui, que não é culpa da nossa mãe nosso estado emocional,
porque nossa mãe também reproduz a carga emocional que ela teve da mãe dela, sua
avó, então a gente não pode culpar nossa mãe por absolutamente nada, a gente
tem que procurar compreender a nossa mãe, entender a dor dela também.
Então eu
devo começar a refletir um pouquinho sobre isso, e começar a nutrir em mim essa
proteção que sinto falta, porque hoje eu sou adulto, hoje eu não preciso mais daquela
proteção, hoje eu posso tirar essa fusão emocional, entender que eu posso me
cuidar, que eu sei fazer minha vida dar certo, e que eu posso me proteger
também, e outra perguntinha que você pode se fazer, que na verdade é uma
pergunta prática, como é que eu posso cultivar o autocuidado? Que significa
cuidar de mim todos os dias, de que maneira eu posso cuidar de mim no meu dia a
dia? Será que eu posso cuidar de mim todos os dias fazendo algo prazeroso? Algo
que eu goste? Eu posso cuidar de mim todos os dias quando eu for me alimentar,
por exemplo, quando eu for escolher alimentação que eu vou comer, eu posso me lembrar
de que, “puxa vida, eu estou aqui me alimentando, cuidando de mim”.
Esse é
o autocuidado, isso algo que eu vou fazer por mim, ao invés de eu ficar sempre
nesse desamparo, ao invés de eu ficar sempre com esse sentimento de abandono dia
após dia, vou aprender a me responsabilizar pela minha vida, a me
responsabilizar pelas minhas escolhas, aprender a perdoar minha mãe.
Para sua
mãe vou sugerir que faça muita oração, e que repita frases ao longo da semana
até o dia das mães, tais como: “eu sinto muito”, “me perdoe mãe”, “eu te amo
mãe”, “sou grato por tudo mãe”, e quanto mais a gente curar essa relação com a
nossa mãe, quanto mais a gente perdoar nossa
mãe nessa relação, mais livres nós nos
tornaremos, mais amparados nos sentiremos, e mais saudáveis nós seremos na vida.
Pense sobre
as coisas que você ainda carrega da sua mãe, medos, inseguranças, que você vê
que ela tem e você acabou herdando dela, e que tanto te irrita, se questione,
como é que eu posso reverter isso em mim hoje? Sendo adulto hoje eu posso
escolher não ter esse medo, e de que maneira eu posso fazer isso? Faça essa
autoanálise, faça essa autoavaliação, e eu tenho certeza que esse exercício vai
te ajudar muito, e eu quero te convidar ainda, para que você procure ajudar a
sua mãe, ajudar a ela a se desenvolver, ou pelo menos a minimizar os problemas
emocionais que ela possa ter.
Não
seja você um filho acusador, mas seja um filho perdoador, e aproveite enquanto
sua mãe ainda esta viva, para ajustar qualquer problema na relação de vocês,
porque depois será tarde demais, e te digo isso porque não existe uma vida sem
traumas, mas minimizar os traumas da vida é plenamente possível.
Enfim,
vou me antecipar e desejar a você que é mãe, um Feliz Dia das Mães e para você filho
ou filha que tem sido uma mãe para sua mãe ou para quem te criou, quero te
dizer que caso faça esse papel, que também é teu dia.
Obrigado
por ficar comigo até o final, e se a mensagem lhe tocou de alguma forma, pode
compartilhar e comentar comigo se quiser, a gente se vê em nossa próxima
postagem. Forte abraço, Wagner Pedro.
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