sábado, 11 de maio de 2019

Dia das mães – Dr Wagner Pedro


Hoje eu vim aqui conversar sobre a nossa relação com a nossa mãe, próximo domingo a gente tem o dia das mães, embora seja um dia comercial, é um dia que a gente também pode refletir sobre a nossa relação com a nossa mãe.
Infelizmente eu perdi minha mãe em 2014, e sei como é extremamente importante na nossa vida ter um bom relacionamento com a nossa mãe, isso tem um reflexo muito grande nos nossos comportamentos, nas nossas escolhas, nas nossas decisões, na nossa maneira de lidar com as nossas condições.
É um assunto que você deve ler até o final do texto, porque eu tenho certeza que vai clarear algumas ideias para você, esclarecer dúvidas que você possa ter com relação a sua vida e que pode vir dessa relação com sua mãe.
A primeira coisa que a gente tem que ter em mente é a nossa relação com a nossa mãe, que se iniciou lá no útero, porque lá começou tudo, a gente estava sentindo o que ela sentia, criamos essa simpatia com a nossa mãe de forma muito grande quando a gente estava ali no útero.
Vários são os estudos que demonstram alguns efeitos dessa nossa relação desde o útero, com reflexos na nossa vida adulta, então tudo que nossa mãe sentiu e fez, a gente sentiu no útero e isso interferiu na nossa formação de modo geral, existem vários estudos que sustenta essa ideia, principalmente na linha da psicanálise como da Dra. Laura Gutman [terapeuta especializada em maternidade] que é uma autora renomada nesse tema, é o que os especialistas chamam de fusão emocional, que acontece até os nossos três anos, que segundo diz, tudo que a nossa mãe sentia a gente também sentia, mais ou menos o mesmo que ocorria ali no útero, mas já aqui do lado de fora, então existe uma interferência muito grande sobre a nossa vida nesse período, na verdade a gente tem uma inteligência emocional muito grande herdada da nossa mãe. Você mãe que tem filho já deve ter percebido que nesses primeiros anos, que quando você fica estressada ou agitada o seu filho também acaba ficando mais estressado e agitado, chorando mais, isso ocorre porque ele literalmente está sentindo o que você está sentindo, eu sei que isso pode parecer estranho, mas conforme já mencionado, existem pesquisas sérias a este respeito.
 O fato é que o sentimento da mãe tem um peso grande sobre nós, porque a gente simplesmente carregamos a culpa de nossa mãe, a gente se sente culpado, e de um modo geral a gente acaba carregando ao longo da vida, medo, angústias, inseguranças, e muitas coisas que a gente sentiu lá atrás na infância e que acabou entendendo esse sentimento como nosso, e isso ao longo da vida a gente vem trazendo conosco, até o dia que a gente vai se conhecer de verdade, e vai aprender a separar o que é dessa fusão emocional, que a gente carrega até hoje e que já não serve mais pra nós.
Mas pretendo passar ao final do texto um exercício para vocês mães, para fazer oportunamente, e que acredito que possa ajudar vocês a criarem uma empatia mais saudável com o teu filho.
Voltando aqui a questão da nossa relação com a nossa mãe, quando a gente, por exemplo, tem uma mãe que é um pouco mais ausente isso reflete na nossa sensação de segurança, e entenda por ausente não só aquelas mães que trabalham muito e fica muito tempo fora, mas às vezes aquela mãe que disse para você que iria sair por 5 minutos e na verdade ela ficou muitas horas fora ou estando de corpo presente, foi incapaz de lhe dar atenção e você se sentiu naturalmente abandonado.
E esse abandono gera também na nossa vida alguns traumas, que em matéria de psicologia se chama de “desamparo aprendido”, e a gente pode se sentir desamparado e carregar isso ao longo da nossa vida. E você, muitas vezes se sente desamparado na vida, se sente desprotegido, se sente inseguro. E isso pode vir da relação que você teve com a sua mãe, e quantos filhos que entram para o mundo das drogas por causa de carência? E te asseguro que não tem recuperação ou tratamento que cure o dependente químico, a não ser que o individuo libere o perdão para sua mãe. Isso é para você ver como é importante a gente trabalhar a nossa relação com a nossa mãe, a terapia pode ajudar, a reflexão, a meditação, porém entendo que a oração e a leitura da Bíblia, é de fundamental importância para que a gente possa entender e praticar uma vida saudável, porque é fato que existe essa fusão emocional entre nós e nossa mãe.
E por muitos anos a gente pode carregar essa fusão, então quero propor para você um exercício simples, o primeiro passo é se questionar: Como é que eu me sinto com relação à vida? O que pode estar me trazendo alguma insegurança? Será que eu me sinto desamparado? Desprotegido? Eu sinto que preciso fazer muito esforço para que as coisas possam acontecer? Qual a dificuldade que eu tenho hoje na minha vida de me sentir seguro? De me sentir amparado? E como é a minha relação com a minha mãe? Quando eu vejo minha mãe como eu me sinto? Eu me sinto amparado pela minha mãe? Eu me sinto protegido pela minha mãe? Ou me sinto desamparado? Eu me sentia sozinho quando criança?
E eu quero deixar claro aqui, que não é culpa da nossa mãe nosso estado emocional, porque nossa mãe também reproduz a carga emocional que ela teve da mãe dela, sua avó, então a gente não pode culpar nossa mãe por absolutamente nada, a gente tem que procurar compreender a nossa mãe, entender a dor dela também.
Então eu devo começar a refletir um pouquinho sobre isso, e começar a nutrir em mim essa proteção que sinto falta, porque hoje eu sou adulto, hoje eu não preciso mais daquela proteção, hoje eu posso tirar essa fusão emocional, entender que eu posso me cuidar, que eu sei fazer minha vida dar certo, e que eu posso me proteger também, e outra perguntinha que você pode se fazer, que na verdade é uma pergunta prática, como é que eu posso cultivar o autocuidado? Que significa cuidar de mim todos os dias, de que maneira eu posso cuidar de mim no meu dia a dia? Será que eu posso cuidar de mim todos os dias fazendo algo prazeroso? Algo que eu goste? Eu posso cuidar de mim todos os dias quando eu for me alimentar, por exemplo, quando eu for escolher alimentação que eu vou comer, eu posso me lembrar de que, “puxa vida, eu estou aqui me alimentando, cuidando de mim”.
Esse é o autocuidado, isso algo que eu vou fazer por mim, ao invés de eu ficar sempre nesse desamparo, ao invés de eu ficar sempre com esse sentimento de abandono dia após dia, vou aprender a me responsabilizar pela minha vida, a me responsabilizar pelas minhas escolhas, aprender a perdoar minha mãe.
Para sua mãe vou sugerir que faça muita oração, e que repita frases ao longo da semana até o dia das mães, tais como: “eu sinto muito”, “me perdoe mãe”, “eu te amo mãe”, “sou grato por tudo mãe”, e quanto mais a gente curar essa relação com a nossa mãe,  quanto mais a gente perdoar nossa mãe nessa relação,  mais livres nós nos tornaremos, mais amparados nos sentiremos, e mais saudáveis nós seremos na vida.
Pense sobre as coisas que você ainda carrega da sua mãe, medos, inseguranças, que você vê que ela tem e você acabou herdando dela, e que tanto te irrita, se questione, como é que eu posso reverter isso em mim hoje? Sendo adulto hoje eu posso escolher não ter esse medo, e de que maneira eu posso fazer isso? Faça essa autoanálise, faça essa autoavaliação, e eu tenho certeza que esse exercício vai te ajudar muito, e eu quero te convidar ainda, para que você procure ajudar a sua mãe, ajudar a ela a se desenvolver, ou pelo menos a minimizar os problemas emocionais que ela possa ter.
Não seja você um filho acusador, mas seja um filho perdoador, e aproveite enquanto sua mãe ainda esta viva, para ajustar qualquer problema na relação de vocês, porque depois será tarde demais, e te digo isso porque não existe uma vida sem traumas, mas minimizar os traumas da vida é plenamente possível.
Enfim, vou me antecipar e desejar a você que é mãe, um Feliz Dia das Mães e para você filho ou filha que tem sido uma mãe para sua mãe ou para quem te criou, quero te dizer que caso faça esse papel, que também é teu dia.
Obrigado por ficar comigo até o final, e se a mensagem lhe tocou de alguma forma, pode compartilhar e comentar comigo se quiser, a gente se vê em nossa próxima postagem. Forte abraço, Wagner Pedro.

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