Hoje vou falar sobre a pessoa mais especial que eu conheci meu pai, Marcelino Pedro, um dos treze filhos de Pedro Hermínio da Silva e Maria Alexandre da Hora, nascido aos 18 de junho de 1937 na cidade de Limoeiro de Anadia em Alagoas.
Nasceu bem no ano que Getúlio Vargas dava o golpe de estado novo e pouco antes da segunda guerra mundial de 1939. Nessa época só as pessoas fortes foram formadas.
Meu pai sempre teve uma vida de muito trabalho, e veio muito novo para São Paulo e teve que aprender a sobreviver em meio essa grande metrópole do Brasil.
Todos os que o conheceram, vão concordar que ele era mega ativo, foi Policial Militar, Vendedor, Pedreiro, Taxista, e chegou a se formar em Direito e até a fazer alguns trabalhos na área.
Aos 16 de fevereiro de 1963 com a idade de 26 anos, se casou com Antônia de Lima Pedro no cartório da Santa Efigênia.
Aos 48 anos meu pai, se tornou pai, pela sétima vez, nasce então “o caçula”, Wagner Pedro (eu –risadas).
Quando criança os domingos eram nossos, quando não estávamos em casa assistindo Programa Silvio Santos saímos bastante. Cheguei a ir algumas vezes ao Sambódromo ver o desfile das escolas campeãs com ele. Exatamente isso (risadas), alguém que tenha conhecido ele mais recente desconhece que ele gostava de música. Ele tinha vários discos de vinis de bandas de forró, mas na época da fita K7 chegou a ter algumas do Martinho da Vila e na época do CD chegou a ter alguns do Washington Brasileiro, por exemplo.
Adorava ir à feira com ele, porque parávamos na banca de quadrinhos e sempre ele me comprava um, na verdade ele que me incentivou na época, comecei a coleção com as revistinhas do Conan o bárbaro.
Também quando eu tinha uns 10 anos, ele se tornou sócio do Clube Corinthians e íamos muito ao clube de domingo, inclusive nessa época cheguei a assistir um jogo no Canindé, embora ele dissesse que não era torcedor de nenhum clube, elogiava muito a organização do Corinthians e o Alberto Dualib a quem ele dizia conhecer pessoalmente.
Outro habito constante dele, era o amor ao café, gostava de ferver a agua no bule todos os dias. Escolhia o mais barato do mercadinho (risadas), mas obviamente que tinha sua preferência, gostava do café “AROMA DE OURO CAFÉ”.
Gostava de se vestir bem, com terno e gravata feito por alfaiate, para ir ao banco, no dia de eleição etc. Quando jovem gostava de usar sapatos de cromo alemão, abotoaduras e prendedor de gravata. Quando sentava gostava de cruzar as pernas com muita fineza. Quando conversava falava com firmeza e passava sempre credibilidade.
Gostava de ter carros esportivos, potentes e sedãs. Falou pra mim que chegou a ter um Ford Galaxie Landau, mas na minha época lembro-me dele ter tido um Polo Sedã e mais recentemente um Renault Logan Sedã.
Inclusive, quando completei 18 anos ele prontamente me disse que quem iria me ensinar a dirigir seria ele. Inclusive ele que escolheu meu primeiro carro, um Escort L 90. Assim como me ensinou a me barbear com navalha e a dor nó em gravatas.
Papito era com certeza um cara de presença, que aonde chegava era percebido (risadas).
Gostava também de armas, armas de fogo e armas brancas. Teve vários facões, machadinhas, e sempre fala da Winchester 22.
Sua ideologia politica é que a democracia não tinha dado muito certo [risadas], sempre lembrava que na ditadura prevalecia a Lei e Ordem.
Embora não tivesse um esporte definido, gostava dos exercícios básicos de educação física como, por exemplo, polichinelo e caminhada. Gostava muito de falar sobre saúde, boa alimentação, boa noite de sono, não fumar, não beber etc.
Em 2001 eu comecei a trabalhar de office boy no Centro de São Paulo, Rua das Palmeiras e ele trabalhava de taxista na esquina das Rua Florêncio de Abreu com a R Senador Queiroz. Nesse ano ele estava começando a fazer a Faculdade de Direito na FIG – Guarulhos dai todos os dias saia do ponto de taxi para ir para a faculdade, porém me buscava no trabalho e me deixava no meu colégio antes de ir para a Faculdade. Nisso foram uns 3 anos assim. Mas nessa época ele vinha sempre desabafando acerca dos problemas diários, dai eu já começava a perceber a sobrecarga de trabalho, problemas financeiros e o estresse do homem em busca do sucesso [triste realidade].
No final de 2005 eu tinha entrado para o Programa Escola da Família (que proporcionava a abertura de escolas da rede estadual de ensino aos finais de semana). Eu seria o monitor e isso me daria direito a uma bolsa de estudos. Desta forma, eu havia prestado para Faculdade Sumaré – curso de Hotelaria com ênfase em Administração.
Mas lembro-me como se fosse hoje, meu pai insistiu tanto e por tantos dias, que cedi ao gosto dele e tranquei a matrícula e prestei vestibular para o curso de Direito (foi sem duvida nenhuma, uma das coisas que ele mais ficou feliz comigo – risadas).
Importante mencionar nesse texto que meu pai foi um exemplo de superação, no ano de 2000 com 63 anos ele prestou vestibular para duas faculdades, a Faculdade São Francisco do Pari e a Faculdade Integrada de Guarulhos, sendo aprovado em ambas.
Iniciou seu estudo na FIG, mas por questões financeiras trancou em 2003 a matrícula. Mas você pensa que ele parou? Ele retornou 5 anos depois em 2008 com 71 anos. Em 2011 ele colou grau superior se tornando bacharel em Direito.
MEU PAI ERA O CARA!!!!
O maior patrimônio que recebi do meu pai, é que eu me senti AMADO e pude ter o privilégio de AMAR DE VOLTA.
SAUDADES ETERNAS PAI! TE AMO E SEMPRE VOU TE AMAR!
FAREI O POSSÍVEL PRA LEVAR SEU NOME POR TODA MINHA VIDA.
WAGNER PEDRO LIMA