DR. WAGNER PEDRO LIMA
Nas coisas essenciais, a unidade; nas coisas não essenciais, a liberdade; em todas as coisas, a caridade
terça-feira, 1 de julho de 2025
Resenha do documentário Autoridade policial por Wagner Pedro
Disputa de Fronteira entre Terras de Brancos e Índios
As disputas de fronteira entre as terras dos brancos e dos índios nos Estados
Unidos tiveram um papel fundamental na formação e atuação das primeiras
forças policiais do país. Desde o início da colonização europeia na América do
Norte, houve uma constante tensão e conflito entre os colonos brancos e as
populações indígenas nativas. Essas tensões eram frequentemente exacerbadas
por tratados quebrados, expansão territorial agressiva por parte dos colonos e a
resistência indígena.
Para proteger os interesses dos colonos e expandir as fronteiras coloniais, foram
criadas milícias locais e grupos de patrulheiros, que podem ser considerados os
precursores das forças policiais modernas. Esses grupos tinham como principal
função proteger os assentamentos dos ataques indígenas e ajudar na expansão
territorial, muitas vezes de forma violenta.
A criação dessas milícias e patrulhas refletia a política de expansão e domínio
territorial, onde a força e a intimidação eram usadas para desalojar os nativos
americanos de suas terras ancestrais. As ações dessas forças muitas vezes
resultavam em massacres e deslocamentos forçados das populações indígenas,
consolidando a perda de suas terras e recursos.
Fiscalização do Trabalho Escravo de Negros
A fiscalização do trabalho escravo de negros nos Estados Unidos também
desempenhou um papel crucial no desenvolvimento das primeiras formas de
policiamento. Durante o período colonial e até a Guerra Civil, o sistema escravista
era fundamental para a economia, especialmente no sul do país. Para manter o
controle sobre a população escrava, foram estabelecidas patrulhas de escravos,
que eram responsáveis por capturar escravos fugitivos, prevenir revoltas e
assegurar que os escravos permanecessem subjugados.
Essas patrulhas de escravos, muitas vezes formadas por homens brancos locais,
operavam com grande violência e impunidade. Seu principal objetivo era manter a
ordem racial e econômica, garantindo que os escravos permanecessem sob o
controle de seus senhores. Essas práticas estabeleciam uma base para um
sistema de policiamento que estava intrinsecamente ligado à repressão racial e
ao controle social.
A história das patrulhas de escravos tem um legado duradouro, influenciando a
formação das primeiras forças policiais formais nos Estados Unidos. Após a
abolição da escravatura, muitas das práticas e mentalidades dessas patrulhas
foram incorporadas nas novas instituições policiais, contribuindo para um
sistema de policiamento que muitas vezes continuava a tratar os afro-americanos
com desconfiança e violência.
Contenção da Classe de Trabalhadores
A contenção da classe de trabalhadores nos Estados Unidos também foi uma das
funções primordiais das forças policiais emergentes. Com o advento da
Revolução Industrial e o crescimento das cidades, surgiram novas tensões sociais
e econômicas. As condições de trabalho nas fábricas eram muitas vezes
perigosas e insalubres, e os trabalhadores enfrentavam longas jornadas e baixos
salários. Isso levou ao surgimento de movimentos trabalhistas e sindicatos que
lutavam por melhores condições de trabalho e direitos trabalhistas.
Em resposta, as forças policiais eram frequentemente usadas para conter e
reprimir esses movimentos. As greves e protestos eram vistos como uma ameaça
à ordem pública e aos interesses dos proprietários das fábricas e da classe
dominante. As autoridades policiais, muitas vezes em conluio com os
empregadores, recorriam à violência para dispersar manifestações, prender
líderes sindicais e intimidar os trabalhadores.
Essa função repressiva das forças policiais consolidou a percepção de que o
policiamento estava mais voltado para a proteção dos interesses econômicos e
políticos da elite do que para a segurança pública. Essa dinâmica contribuiu para
uma relação tensa e conflituosa entre a classe trabalhadora e as forças de
segurança, uma tensão que, em muitos aspectos, persiste até hoje.
Conclusão
A evolução das forças policiais nos Estados Unidos está profundamente
entrelaçada com a história de conflitos territoriais, raciais e de classe. Desde as
milícias que combateram as populações indígenas, passando pelas patrulhas de
escravos que sustentaram o sistema escravista, até as forças policiais que
reprimiram movimentos trabalhistas, o policiamento no país tem suas raízes em
práticas de controle e repressão social. Compreender essa história é fundamental
para analisar e abordar as questões contemporâneas de justiça e reforma policial.
terça-feira, 3 de setembro de 2024
INVEJA COMO OBJETO DE UMA CONSTRUÇÃO SOCIAL
INVEJA COMO CONSTRUÇÃO SOCIAL – POR WAGNER PEDRO
Os equívocos sobre a inveja decorrem da falta de compreensão dela como
construção social. Entre eles, a ideia de que ocorre principalmente entre iguais, a crença
de que invejamos por querer mais, a noção de que é por vergonha que negamos ser
invejosos, e a suposição de que é apenas a tristeza por não ter o que o outro tem. Além
disso, a concepção de que a proximidade é crucial para a inveja surge da mesma falta de
compreensão. Exemplos disso incluem a incompreensão de que mesmo os mais ricos
podem invejar e a ausência de menção e de teorias que explicam a inveja como
construção social na bibliografia existente.
O invejoso não sente inveja o tempo todo nem de todas as pessoas, mas sim em
determinadas situações e contra indivíduos específicos. Isso fica evidente quando
multidões que apoiam atletas, artistas ou oradores favoritos ficam felizes com seu
sucesso, apesar de serem rotuladas como invejosas em outros contextos. A inveja surge
quando alguém considerado "mais fraco" ganha ou ameaça ganhar muito conforto, pois
a cultura estabelece que eles devem ter menos. A ruptura desse padrão gera inveja.
Exemplo: Bill Gates ganhar mais é aceitável, mas uma faxineira ganhar muito na loteria
gera desconforto. Histórica e socialmente, aplaudimos vencedores e desfavorecemos
perdedores, criando repulsa por grupos considerados atrasados. A estrutura social
determina quem é considerado mais forte, e a inveja surge quando essa estrutura é
desafiada. O convívio coletivo estabelece distinções que tornam difícil tratar todos
igualmente, mesmo que teoricamente saibamos que são iguais.
Na prática, embora afirmemos tratar todos igualmente, é raro vermos mendigos
recebendo autógrafos. Segundo Bourdieu, as posições sociais só se definem em relação
umas às outras. Mesmo pessoas ricas e sofisticadas podem perder prestígio em certos
contextos. A raiz de problemas como machismo, racismo e feminismo é a ideia de que
os "menos fortes" devem ter menos conforto. Isso gera estranheza e inveja quando
alguém considerado "menos forte" recebe mais apreço do que deveria. Exemplos
incluem negros bem-sucedidos aplaudidos por racistas e mulheres poderosas apoiadas
por machistas. A violência simbólica ocorre quando os "menos fortes" são tratados com
pouco apreço, enquanto a inveja surge quando recebem muito. Ambas são causadas pela
mesma força social. O mesmo padrão se repete em questões de machismo, racismo e
feminismo.
Se a inveja fosse inata, então por que não invejamos tantas pessoas prósperas,
mesmo quando estão muito melhores que nós? Por que não invejamos tantos animais
que são mais habilidosos e livres do que nós? O convívio coletivo estabeleceu
hierarquias para organizar as relações sociais, mas quando essa estrutura é quebrada,
ficamos desconcertados porque queremos que os "menos fortes" tenham menos
conforto. É importante notar que mesmo os ricos não são totalmente beneficiados por
esse sistema, pois podem sentir inveja dos "menos fortes" que prosperam e enfrentar
oposição daqueles que os veem como "menos fortes".
A inveja é uma construção social e mutável. Exemplos como Mariah Carey, Will
Smith e Joe Osteen ilustram como a sociedade aplaude aqueles que antes eram
considerados "menos fortes". A teoria apresentada mostra que a inveja não é um traço
genético fixo, pois podemos aprender a apreciar o sucesso de quem antes era visto como
oposto. Filósofos e cientistas sociais renomados, como Pierre Bourdieu e Michel Foucault, observaram a violência simbólica, mas não relacionaram diretamente com a
inveja. Da mesma forma, outros pensadores não identificaram a conexão entre diversos
problemas sociais e a inveja. O sistema capitalista mantém hierarquias que prejudicam
os "menos fortes", apesar do esforço e talento individual. Civilizações antigas
possivelmente contribuíram para a construção da inveja, perpetuada pelo pacto social
atual. Isso explica por que muitas pessoas trabalham arduamente, mas ainda enfrentam
tratamento e recompensas desiguais. O casamento entre uma funcionária esforçada e um
milionário gera estranheza devido à quebra do padrão de "menos forte". A mesma força
social que gera inveja também impede um mercado mais justo. Essa é a essência da
inveja e seu mecanismo de funcionamento.
A incomodidade diante de um orador que fala português incorretamente surge da
nossa familiaridade com o português correto, refletindo nossa busca pelo que é justo e
correto. Da mesma forma, quando o sistema social é desafiado, como quando um
faxineiro se torna famoso, isso gera inveja devido à ruptura da norma social. Esse
desconforto decorre da nossa vontade de justiça, não de uma predisposição genética à
maldade. A sensação de inveja pode parecer exclusiva, mas está ligada à importância da
conquista para nós, ao sentimento de injustiça e à nossa percepção individual das
pessoas. A inveja é resultado de uma construção social que define quem é considerado
"mais forte" e "menos forte", influenciando nossa reação ao sucesso alheio. Argumentos
sobre predisposições genéticas são refutados, pois é a sociedade que determina quem é
"mais forte" em diferentes contextos. A preferência pessoal não justifica a oposição ao
sucesso alheio, que é moldada pela socialização que ensina a desvalorizar os "menos
fortes". Isso explica por que até mesmo pessoas queridas podem despertar inveja, como
filhos ou cônjuges.
Há situações em que a alegria de alguém que não gostamos nos perturba,
enquanto em outras não. Isso ocorre porque o ciúme e a inveja têm raízes diferentes: o
ciúme, muitas vezes, está relacionado a sentimentos individuais, como amor ou medo de
perda, enquanto a inveja surge de construções sociais que estabelecem quem é
considerado "mais forte" e "menos forte". Essas normas sociais moldam nossa reação ao
sucesso alheio, levando à perturbação diante de quem foge do padrão estabelecido. O
ciúme, assim como a inveja, é muitas vezes provocado pela mesma força social que
determina que os "menos fortes" devem ter menos conforto e prazer. Embora os ricos
possam ser invejados, os mais invejados são aqueles que são considerados "menos
fortes" em determinado contexto social. A distância entre o invejoso e o invejado não é
o fator determinante, mas sim a percepção de quem é considerado mais digno de
sucesso. Essa dinâmica se reflete em diversas situações, desde relações pessoais até
interações no trabalho.
A aflição causada pela mordomia excessiva em humanos não é um traço
genético, mas sim uma construção social. Incomodamo-nos com os direitos de grupos
considerados "menos fortes" em determinadas situações sociais, ao passo que não nos
afligimos com a mordomia de árvores e animais. Isso porque a inveja é exclusivamente
uma construção social entre humanos, influenciada por hierarquias e normas culturais.
O sistema social estabelece quem é "menos forte" e, portanto, quem deve ter menos
conforto, moldando nossa percepção e reações. Essa dinâmica é evidente na relação
com o trabalho, onde o sofrimento imposto aos "menos fortes" é muitas vezes aceito
como normal, gerando desconcerto quando quebrado. A inveja ocorre apenas entre
humanos devido à cultura que estabelece padrões e comparações sociais. A perturbação humana nem sempre é causada por inveja, mas sim por questões como injustiça ou
trauma. O sistema social molda grande parte de nossas posturas desde o nascimento,
influenciando nossa percepção de conforto e sucesso. Apesar das forças sociais
contrárias, a insistência em buscar a felicidade é alinhada com as forças biológicas
naturais. A superação dessas forças sociais pode resultar em apoio e reconhecimento
significativos.
As percepções de desprezo e menosprezo não estão vinculadas exclusivamente a
características como gênero, raça, orientação sexual ou posição social, mas afetam tanto
os considerados "menos fortes" quanto os "mais fortes". Isso indica que a inveja e a
oposição não estão ligadas apenas à pessoa alvo, nem ao invejoso em si, mas sim a uma
força social que molda tais percepções ao longo da história. O suicídio, por exemplo, é
influenciado por pressões sociais externas, assim como o desconcerto gerado pela
derrota de um time de futebol favorito. A inveja surge quando há um desequilíbrio nas
tradições sociais, levando à angústia e, em casos extremos, ao suicídio. A mudança de
conceitos pode alterar nossas reações à prosperidade dos outros, indicando que a inveja
não é um traço fixo ou genético. A diferença entre inveja boa e má reside na percepção
do invejado como "mais forte" ou "menos forte", determinando nossas reações de apoio
ou oposição. A força social exterior, geral e coercitiva, é responsável por moldar nossos
sentimentos em relação aos outros, definindo quem é visto com apreço e quem é
desprezado.
Os especialistas frequentemente pensam que a inveja é mais intensa entre iguais,
como mulheres para mulheres ou negros para negros, devido às pressões sociais que
limitam cada grupo dentro de suas próprias balizas. Essas balizas sociais geram
desconforto quando alguém as ultrapassa, provocando inveja mesmo dentro do próprio
grupo. No entanto, a inveja não está necessariamente ligada à igualdade entre as
pessoas, mas sim à prosperidade de quem é considerado "menos forte". A inveja surge
quando alguém percebe um "menos forte" progredindo ou ameaçando progredir. A
angústia causada por essa percepção vem muitas vezes acompanhada de um sentimento
de injustiça. A ideia de que o invejoso quer o que é do outro nem sempre é verdadeira;
muitas vezes, o que perturba o invejoso é o valor atribuído à conquista do invejado.
Essa percepção ajuda a explicar por que certas realizações alheias perturbam mais do
que outras. Embora a inveja possa levar a comportamentos extremos, como roubo ou
assassinato, nem todo crime é motivado por inveja. Além disso, o fato de alguém roubar
ou matar por inveja não indica que a inveja seja inata, mas sim uma construção social.
A impressão de que a inveja é coisa de gente fracassada surge da percepção de
que pessoas "menos fortes" tendem a invejar aqueles que têm sucesso semelhante ao seu
próprio nível. Por exemplo, um atleta famoso aceita mais facilmente o sucesso
financeiro de outro atleta famoso, enquanto pode sentir inveja se alguém do mesmo
nível social prospera em um campo diferente. No entanto, a inveja não é exclusiva de
pessoas fracassadas; ela surge quando alguém percebe uma injustiça em relação ao seu
próprio esforço e sucesso. Os especialistas muitas vezes concluem erroneamente que os
mais invejados são os mais ricos, devido à falta de uma explicação coerente sobre como
a inveja realmente funciona. Na verdade, a pessoa mais invejada não é necessariamente
a mais rica, mas sim aquela que é considerada "menos forte" pelo invejoso. Isso ocorre
porque o invejoso tem uma visão pejorativa do sucesso do invejado, achando-o indigno do reconhecimento. A inveja surge quando um "menos forte" é bem-sucedido ou parece
ameaçar prosperar. No entanto, a inveja não é uma característica genética; ela é
moldada pela cultura e pelas pressões sociais que incentivam a competição e a
comparação entre pessoas. Os conflitos entre "menos fortes" e "mais fortes" não são
necessariamente causados pela propriedade privada, mas sim pelas forças sociais que
perpetuam divisões e injustiças. No entanto, nem todos os "menos fortes" suscitam
inveja; apenas aqueles que recebem mais comodidade do que o esperado são alvo de
inveja. Portanto, a inveja não é simplesmente uma questão de ambição ou interesse nos
lucros, mas sim uma resposta às percepções de desigualdade e injustiça social.
Foucault critica a relação entre conhecimento e poder, que amarga a vida dos
menos privilegiados, atribuindo o problema à ganância capitalista. No entanto, essa
visão não considera que a inclusão de grupos marginalizados beneficia o capitalismo, e
as forças sociais geradoras da inveja existem independentemente do sistema econômico.
O capitalismo é afetado e, em alguns casos, prejudicado por essas forças sociais. A
hierarquia de papéis é considerada útil, mas deveria ser acompanhada de igualdade de
valor entre todas as posições sociais.
Yuval Noah Harari observa que as narrativas divergentes, como as "histórias
imaginárias", contribuem para conflitos entre diferentes grupos sociais. Porém, ele não
conectou esses conflitos à inveja, como faço agora. A inveja é alimentada pelo sistema
de tradições que estabelece que os "menos fortes" merecem menos conforto. Isso levou
à opressão de grupos considerados inferiores ao longo da história. Mesmo sem
divergências ideológicas, a inveja pode causar massacres e conflitos. A flexibilidade
humana na adaptação das narrativas não impediu a ocorrência de violência e injustiça. A
inveja surge quando um grupo ganha destaque, causando desconforto aos outros. Isso
não é determinado por questões genéticas, mas por construções sociais mutáveis. A
falsidade nas relações humanas também é influenciada pela inveja: apoiamos ou
rejeitamos conforme a percepção de força do outro. A prosperidade dos "menos fortes"
causa estranheza ou cooperação, dependendo da mudança de conceito sobre eles. O
conflito de gênero também é alimentado pela necessidade de impor desconforto aos
considerados "menos fortes". No entanto, a criança não se importa com a liderança
desde que traga benefícios, indicando que a aversão ao poder dos outros surge da
mesma força social que gera inveja.
De acordo com o darwinismo social, as sociedades mais simples são vistas como
estágios inferiores de desenvolvimento humano, levando à crença de que os "menos
fortes" deveriam ser eliminados para acelerar a evolução. Isso resultou em crueldade
contra povos considerados primitivos no século XIX, baseada em teorias evolucionistas.
A ideia de inferioridade foi perpetuada ao longo da história, levando à opressão de
grupos e ao surgimento do sistema de tradições que gera inveja. A inveja, uma força
poderosa, destrói mais do que o câncer, mas muitas vezes é negada por vergonha ou por
falta de compreensão de seu funcionamento. Terapias falham não por inveja do
terapeuta, mas por abordagens inadequadas. O desconforto diante do sucesso alheio é
resultado da programação para o fracasso. A exposição da teoria da inveja através de
exemplos reais visa tornar o abstrato tangível. O amor também pode ser distorcido pela
inveja, como evidenciado pela violência contra crianças e idosos, que são percebidos
como "menos fortes" em certas sociedades.
sexta-feira, 28 de junho de 2024
Lidando com a Rejeição: Transformando Obstáculos em Oportunidades
A rejeição é um tema delicado, que muitos preferem evitar. No entanto, desde cedo, aprendi a enfrentar a rejeição e a usá-la como uma força motriz para meu crescimento pessoal e profissional.
Quando era jovem, o garoto gordinho, cheio de espinhas, o nerd não tão descolado, ou aquele que não sabia jogar futebol mas se dava bem com os gamers, eu era muitas vezes rejeitado. Na igreja, eu era visto como o menos indicado, alguns até acreditavam que eu não seguiria firme na fé.
Profissionalmente, enfrentei inúmeros desafios e descrenças. Disseram que eu não faria faculdade; fiz. Quando entrei na faculdade, diziam que não terminaria; terminei. Quando terminei, diziam que não passaria na OAB; fui aprovado. Depois, diziam que eu não conseguiria clientes; conquistei minha clientela e estou atuando há mais de dez anos.
Quando disseram que eu pararia na primeira graduação, fiz a segunda. E quando duvidaram que eu concluiria a segunda, fiz a terceira. No ministério, duvidaram da minha capacidade de falar, riam do meu jeito "cebolinha" de trocar o "r" pelo "l". Hoje, sou um pregador que já pregou tantas vezes que perdi a conta, em lugares variados: praças, hospitais, delegacias, asilos, abrigos, casas de recuperação de dependentes, sertão do Nordeste, entre outros.
Quando me tornei diácono, disseram que eu não passaria disso. Agora, como presbítero, há quem diga que não irei além. Disseram que eu nunca apareceria no rádio, eu apareci. Disseram que nunca estaria na TV, eu estive. Disseram que nunca escreveria um livro, eu escrevi. E quando disseram que não publicaria por uma editora, fui publicado.
Pessoalmente, disseram que eu nunca teria uma família; hoje, tenho uma esposa e uma filha maravilhosas. Disseram que eu não teria amigos, e tenho amigos fiéis de longa data. Disseram que minhas redes sociais nunca passariam de 1k; ultrapassei essa marca.
Agradeço a cada crítico, pois suas palavras me impulsionaram a continuar. Não me considero grande, mas também não sou pequeno. Sou do tamanho dos sonhos que carrego dentro de mim.
A rejeição, quando bem enfrentada, pode se tornar uma poderosa aliada. Cada "não" que recebi se transformou em um passo rumo às minhas conquistas. Portanto, lembre-se: a verdadeira medida de quem somos não está nas palavras dos outros, mas na determinação e na fé que temos em nós mesmos e no propósito que Deus nos deu.
Atenciosamente,
Wagner Pedro Lima
segunda-feira, 10 de junho de 2024
TEOLOGOS QUE VOCE DEVERIA CONHECER
### Pentecostais
**Carlos
Augusto Vailatti** - **Formação Acadêmica**: Doutor em Teologia pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). - **Contribuições Acadêmicas**:
Professor de teologia, autor de vários livros, conferencista.
**Esequias Soares** - **Formação Acadêmica**:
Graduado em Teologia e Letras, mestre em Ciências da Religião. - **Contribuições
Acadêmicas**: Pastor presidente da Assembleia de Deus em Jundiaí, SP, e
presidente da Comissão de Apologética da CGADB.
**Esdras Bentho** -
**Formação Acadêmica**: Graduado em Teologia e Letras, mestre em Teologia e
Ciências da Religião. - **Contribuições Acadêmicas**: Autor de livros, com
enfoque em hermenêutica e exegese bíblica.
**Douglas Baptista** - **Formação
Acadêmica**: Graduado em Teologia, mestre em Ciências da Religião. -
**Contribuições Acadêmicas**: Presidente do Conselho de Educação e Cultura da
CGADB, autor de diversas obras.
#### Reformados
**Russell Shedd
(in memoriam)** - **Formação Acadêmica**: PhD em Novo Testamento pela University
of Edinburgh (Escócia). - **Contribuições Acadêmicas**: Missionário, escritor,
professor de teologia, fundador da Edições Vida Nova.
**Russell Norman
Champlin (in memoriam)** - **Formação Acadêmica**: PhD em Línguas e Literaturas
Clássicas. - **Contribuições Acadêmicas**: Autor de uma vasta coleção de
comentários bíblicos, tradutor e professor.
**Heber Campos** - **Formação Acadêmica**: Doutor em
Teologia. - **Contribuições Acadêmicas**: Professor de teologia, autor e
conferencista.
**Rubem Azevedo Alves (in
memoriam)** - **Formação Acadêmica**: Doutor em Teologia pelo Princeton
Theological Seminary (EUA). - **Contribuições Acadêmicas**: Escritor, poeta,
educador, conhecido por suas contribuições à teologia e educação.
**Milton
Schwantes (in memoriam)** - **Formação Acadêmica**: Doutor em Teologia pela
Kirchliche Hochschule Bethel (Alemanha). - **Contribuições Acadêmicas**:
Professor de Antigo Testamento, autor de diversas obras, reconhecido por suas
pesquisas bíblicas.
**Isaltino Gomes Coelho (in memoriam)** - **Formação
Acadêmica**: Doutor em Ministério. - **Contribuições Acadêmicas**: Pastor,
escritor e conferencista.
#### Padres (Católicos)
**Leonardo Boff** -
**Formação Acadêmica**: Doutor em Teologia pela Universidade de Munique
(Alemanha). - **Contribuições Acadêmicas**: Teólogo da libertação, escritor
prolífico, professor universitário e conferencista internacional.
**Joaquim
Carreira Neves (in memoriam)** - **Formação Acadêmica**: Doutor em Teologia. -
**Contribuições Acadêmicas**: Escritor, professor de teologia, conhecido por
suas contribuições à teologia católica.
3. **João Evangelista Martins (in
memoriam)** - **Formação Acadêmica**: Mestre em Teologia. - **Contribuições
Acadêmicas**: Pastor, escritor e professor de teologia.
quarta-feira, 25 de outubro de 2023
RESUMO DA SÉRIE: COMO SE TORNAR UM LÍDER DE SEITA – POR WAGNER PEDRO
INTRODUÇÃO:
A série "Como se Tornar um Líder de Seita" explora a trajetória de diversos líderes carismáticos que fundaram seitas e cultos notórios ao longo da história, oferecendo lições e insights sobre como alcançar poder e influência seguindo seus passos. Vamos analisar brevemente cada líder mencionado na série e as lições que podemos extrair de suas histórias:
1. Charles Manson:
Seita: Família Manson
Fim: Manson e seus seguidores cometeram uma série de assassinatos em 1969, incluindo o assassinato da atriz Sharon Tate. Manson foi condenado à prisão perpétua.
Lição: Aprenda a aceitar seu dom e se reinventar. Manson era um delinquente que se transformou em um assassino lendário, usando sua influência sobre seus seguidores. Resumindo: Construa sua base.
2. Jim Jones:
Seita: Templo do Povo
Fim: Em 1978, Jones liderou o suicídio em massa de mais de 900 seguidores na Guiana, em um evento conhecido como Jonestown, resultando em uma das maiores tragédias em massa da história.
Lição: Saiba como conseguir seguidores fervorosos. Jones convenceu centenas de pessoas a seguir suas ordens cegamente, mostrando a importância de criar uma congregação leal. Resumindo: Lição: Aumente seu rebanho.
3. Jaimie Gomez:
Seita: Buddhafield
Fim: A seita de Gomez foi desmascarada como um culto de personalidade e sofreu divisões internas após a exposição de suas atividades. No entanto, ele nunca enfrentou consequências legais significativas.
Lição: Domine a arte da manipulação. Gomez, um ator fracassado, construiu um exército de seguidores através de sua suposta iluminação, destacando a necessidade de controlar mentes. Resumindo: Lição: Controle mentes.
4. Marshall Applewhite:
Seita: Heaven's Gate
Fim: Em 1997, Applewhite liderou um suicídio em massa de 39 seguidores, acreditando que seriam transportados para uma nave espacial.
Lição: Crie uma ameaça convincente e consolide seu poder. Applewhite construiu uma narrativa espiritual fantasiosa para manter o controle sobre seus seguidores. Resumindo: Lição: Ofereça salvação.
5. Shoko Asahara:
Seita: Aum Shinrikyo
Fim: Aum Shinrikyo foi responsável por um ataque com gás sarin no metrô de Tóquio em 1995, matando 13 pessoas. Asahara e outros membros da seita foram condenados à morte e executados em 2018.
Lição: Aproveite a cobertura da mídia e cultive uma imagem piedosa. Asahara usou estratégias de relações públicas e métodos mortais para criar a seita Aum Shinrikyo, mostrando a importância de proteger sua imagem. Resumindo: Lição: Proteja sua imagem.
6. Sun Myung Moon:
Seita: Igreja da Unificação (Moonies)
Fim: Moon faleceu em 2012, mas a Igreja da Unificação continua a existir sob a liderança de seu filho, Hyung Jin Moon, e outros. A organização permanece ativa em todo o mundo.
Lição: Evite finais infelizes e consolide seu legado. Moon transformou sua igreja em uma máquina econômica próspera, enfatizando a importância de preparar um sucessor. Resumindo: Lição: Prepare seu sucessor.
CONCLUSÃO:
Na conclusão da série, é possível fazer um paralelismo entre esses líderes de seitas e alguns falsos pastores que fundaram grandes ministérios religiosos, destacando como as lições mencionadas também podem ser aplicadas em contextos religiosos mais convencionais. Essa análise ressalta a influência e o perigo que podem estar associados à liderança carismática quando utilizada de maneira manipuladora.
quarta-feira, 19 de julho de 2023
RECOMEÇAR: Inspirando Novos Capítulos na Jornada da Vida
Amigos, hoje compartilho com vocês uma reflexão profunda sobre recomeços. Como cristão, advogado, pastor e alguém que sempre busca aprender e crescer, aprendi que a vida é uma maravilhosa jornada de oportunidades e desafios. Não importa onde tenhamos parado no passado, sempre haverá uma chance de "Recomeçar".
Ao longo dessa trajetória, aprendi que, mesmo quando tudo parece dar errado, é possível encontrar uma luz no fim do túnel. Como pai, prestes a vivenciar a emocionante experiência da paternidade, entendo que a chegada de um filho traz consigo uma bela oportunidade de recomeço e de moldar um futuro melhor.
Às vezes, enfrentamos situações difíceis que nos fazem questionar e nos sentir perdidos. Mas cada desafio que surge em nosso caminho é uma oportunidade de aprendizado. Como escritor, sei que as palavras têm o poder de inspirar e encorajar as pessoas a buscar novos rumos em suas vidas.
Quando nos trancamos em tristeza, nos isolamos do mundo e das pessoas que nos amam. Por isso, é importante lembrar que sempre podemos abrir nosso coração e dar espaço para novas amizades e novos sorrisos.
Diante dos obstáculos, é fundamental lembrar que somos apaixonáveis e capazes de amar muitas e muitas vezes. O amor é o combustível que nos impulsiona a recomeçar, a superar as adversidades e a enfrentar mudanças significativas em nossas vidas.
Imagine nossa mente como um jardim, onde precisamos cultivar pensamentos positivos e arrancar as ervas daninhas das crenças negativas. A Faxina Mental é essencial para nos libertarmos e nos renovarmos, prontos para abraçar as novas oportunidades que surgem em nosso caminho.
Então, que tal considerar novas possibilidades? Um novo emprego, um curso para aprimorar habilidades ou realizar aquele sonho antigo de aprender algo novo? Cada dia é uma página em branco em nosso livro de vida, esperando para ser preenchida com novas histórias, desafios e vitórias.
Compartilho essa mensagem com a esperança de inspirar vocês a nunca desistirem, a sempre acreditarem no potencial de recomeço que existe em cada um de nós. Mesmo quando tudo parece perdido, lembrem-se de que é possível dar um novo rumo à nossa história.
Compartilhem essa reflexão com aqueles que precisam de um impulso para encontrar a força de recomeçar. Juntos, podemos encarar os desafios, celebrar as vitórias e criar uma vida cheia de significado e propósito.
Que a luz do recomeço ilumine o caminho de todos nós!
terça-feira, 11 de julho de 2023
Aborto: Uma Análise Sobre a História e a Legislação
O aborto é um tema sensível e amplamente debatido, envolvendo questões morais, éticas, religiosas e legais. Antes de prosseguirmos, é importante definir o termo: abortar significa eliminar prematuramente o produto da concepção no útero materno. Essa prática pode ocorrer espontaneamente ou ser provocada. De acordo com o Grande Dicionário de Medicina, o aborto é a expulsão do feto antes do sexto mês de gestação, quando ainda não é viável fora do organismo materno.
O abortamento, por sua vez, refere-se à interrupção da gravidez antes que o feto atinja a viabilidade fetal. A Organização Mundial da Saúde estabelece como limite para caracterizar o abortamento a perda do feto até 22 semanas de gestação ou 500 gramas.
Embora os termos "aborto" e "abortamento" sejam frequentemente usados como sinônimos, é importante ressaltar que "abortamento" se refere ao processo em si, enquanto "aborto" diz respeito ao produto eliminado, ou seja, o feto.
No contexto jurídico brasileiro, é interessante observar a proteção garantida aos não nascidos, inclusive no texto constitucional, no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Código Civil, em seu artigo 2º, que reconhecem direitos ao nascituro.
Ao longo da história, diversas correntes de pensamento se formaram em relação à proibição do aborto. O debate teve origem com a ideia de proteção à paternidade, defendendo o direito dos homens de serem pais. Por outro lado, na Grécia Antiga, Sócrates defendia o direito materno ao aborto, enquanto Hipócrates, em seus escritos, negava esse direito e exigia que os médicos jurassem não fornecer substâncias fatais para o feto no útero.
No direito romano, o "nasciturus" não era considerado uma pessoa com plenos direitos, o que permitia o aborto na Roma Antiga. No entanto, mesmo reconhecendo alguns direitos ao feto, como suspender a execução da pena de morte da mãe grávida até o nascimento, não se considerava o feto uma pessoa plenamente capaz.
A influência do cristianismo trouxe uma nova perspectiva sobre o aborto. Alguns pensadores, como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, acreditavam que o aborto não era problemático se o feto ainda não tivesse uma alma, considerando-o inanimado durante o primeiro mês de gestação. Porém, São Basílio discordava dessa visão e considerava o aborto um pecado.
No Brasil, o aborto foi contemplado pela primeira vez em legislação específica em 1830, com a promulgação do Código Criminal do Império. O Código Penal da República, de 1890, ampliou a responsabilidade nos crimes de aborto, punindo a mulher que praticasse o autoaborto. O Código Penal de 1940, que ainda está em vigor, criminaliza o aborto em todas as situações, exceto quando necessário para salvar a vida da gestante ou em casos de gravidez resultante de estupro, desde que precedido do consentimento da gestante ou de seu representante legal, em caso de incapacidade.
É relevante mencionar o projeto de lei 1135, apresentado em 1991 por Eduardo Jorge (PT) e Sandra Starling (PT), que propunha a descriminalização do aborto praticado com o consentimento da gestante. No entanto, o projeto foi votado contra a exclusão do artigo 124 do Código Penal, mantendo-se a legislação existente. Atualmente, o projeto encontra-se arquivado na Câmara dos Deputados.
Outra tentativa de modificação na legislação ocorreu quando a parlamentar Marina Silva sugeriu um plebiscito sobre o tema durante o governo de Dilma Rousseff. No entanto, essa proposta não obteve êxito.
Em 2009, durante o Governo do PT, o Brasil aderiu ao Programa Nacional de Direitos Humanos nº III por meio do Decreto 7.037/09. Esse programa aceitava lutar pela descriminalização do aborto, entre outras questões, como impedimento do uso de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos, união de pessoas do mesmo sexo e adoção de filhos por casais do mesmo sexo.
Quanto ao aborto anencéfalo, que envolve fetos com malformações incompatíveis com a vida, há decisões judiciais que permitem a antecipação terapêutica do parto nesses casos. No Tribunal de Justiça de São Paulo, por exemplo, existe um acórdão com voto vencido sobre aborto constitucional. Esse tema também foi analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2012, que, por maioria de votos, decidiu na ADPF 54 que o aborto de anencéfalos não viola a vida.
Mais recentemente, o Anteprojeto do Código Penal de 2012 propôs a inclusão de três situações adicionais em que o aborto seria permitido: inseminação artificial sem consentimento da mulher, grave doença de formação no feto e decisão da gestante, desde que haja um atestado médico comprovando sua incapacidade mental.
No que diz respeito à religião, a Bíblia é frequentemente citada como referência sobre a defesa da vida. Passagens como Êxodo 21:22, que falam sobre ferimentos causados a mulheres grávidas, e Jeremias 1:5, que mencionam o conhecimento e a santificação do feto por Deus, são utilizadas para sustentar a visão de que a vida intrauterina deve ser preservada. De acordo com o teólogo Antonio Gilberto, alma e espírito são colocados por Deus no embrião.
Em conclusão, aqueles que se baseiam nas leis de Deus geralmente se posicionam contra o aborto, exceto em situações em que a vida da gestante esteja em risco. No Brasil, a vida do feto é protegida legalmente desde a concepção, e o debate sobre o início exato da vida ainda é intenso. No entanto, para aqueles com uma convicção cristã verdadeira, a preservação da vida, mesmo intrauterina, é um valor fundamental.
Referências:
Mini Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa
Código Penal Brasileiro
http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/casos_complexos/Maria_Socorro/Complexo_04_Maria_do_Socorro_Abortamento.pdf
www.tjsp.jus.br
www.wikipedia.com.br
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